Catalunha sai de situação de emergência devido à seca mas mantêm-se restrições



A região espanhola da Catalunha saiu hoje da situação de emergência por causa da seca, depois de chuvas nas últimas semanas, embora se mantenham restrições no consumo de água que afetam seis milhões de pessoas.

A fase de emergência por causa da seca tinha sido declarada em 01 de fevereiro por as reservas de água nas bacias hidrográficas geridas pelo governo regional catalão (Generalitat) terem descido abaixo dos 16% da capacidade total, como prevê o Plano Especial de Seca da Catalunha.

Chuvas acima da média nas últimas semanas aumentaram as reservas de água para 24,8%, o que permite “a flexibilização das restrições por causa da seca”, anunciou a Generalitat.

“A seca não terminou, esta é a realidade. Nós continuamos confrontados com uma seca grave”, afirmou a porta-voz do governo regional, Patricia Paja, numa conferência de imprensa em Barcelona.

Assim, apesar de a região sair da fase de emergência por causa da seca, mantêm-se restrições no uso e consumo de água, como um fornecimento com uma pressão mais baixa com o objetivo de limitar o consumo médio diário por pessoa a 230 litros (estava atualmente nos 200).

Mantêm-se também as proibições de regar jardins e zonas verdes, de usar água potável na limpeza de ruas ou de encher piscinas particulares, entre outras.

Continua também a haver limitações, embora menores, no uso de água na agricultura, nas explorações de criação de gado ou na indústria (reduções de 40%, 30% e 15%, respetivamente, em relação ao período pré-seca).

As restrições afetam 202 municípios e seis milhões de pessoas, cerca de 80% da população da Catalunha.

A “fase de emergência” é a mais grave prevista no Plano Especial de Seca da Catalunha e entrou em vigor no início de fevereiro depois de 40 meses consecutivos com níveis de chuva “extremamente reduzidos”, segundo o governo regional.

A Catalunha nunca viveu uma seca tão longa, segundo registos históricos relativos à chuva, que têm mais de 100 anos (os mais antigos são de 1916).

O Plano Especial de Seca da Catalunha foi ativado em 2021 e depois de 2008, quando a região viveu aquela que era a maior seca de que havia registo até agora, foram feitos diversos investimentos em dessalinizadoras, estações de tratamento de águas e modernização da rede de abastecimento pública, entre outros.

A saída da situação de emergência coincide com a campanha eleitoral na Catalunha, que tem eleições autonómicas no próximo domingo.

O partido que lidera atualmente a Generalitat, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), tem sido criticada pela gestão da seca pelos adversários, que a acusam de não ter feito os investimentos necessários e atempados para responder a um problema recorrente na região.

O executivo rejeitou hoje que o anúncio do fim da situação de emergência por causa da seca tenha motivações eleitorais e sublinhou que está relacionada com os níveis de chuva e de armazenamento de água.

Segundo o conselheiro (equivalente a ministro num governo nacional) de Ação Climática, David Mascort, nos meses de março e abril choveu na Catalunha “mais 26% do que a média dos últimos anos” e a previsão é que o armazenamento nas bacias hidrográficas continue a aumentar por causa do degelo na região dos Pirenéus.

Apesar das perspetivas positivas, mantêm-se os projetos de instalar 12 estações móveis de dessalinização de água do mar na Costa Brava e uma dessalinizadora flutuante no porto de Barcelona, a segunda maior cidade espanhola.





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