Centro para a Saúde Humana e Animal que ICBAS quer fazer na Maia terá picadeiros
O Centro de Investigação em Saúde Humana e Animal, um projeto do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS) que vai nascer na Maia, incluirá picadeiros para promover o contacto da comunidade com os cavalos.
Em entrevista à agência Lusa, o diretor do ICBAS, Henrique Cyrne Carvalho, destacou que o projeto, além da vertente científica e de investigação, inclui como objetivo “uma ligação muito marcada à comunidade, usando os cavalos para benefício da saúde mental e de alguns grupos de patologias, por exemplo”.
“Sabemos que a hipoterapia traz um enorme benefício a várias doenças do espetro do autismo, entre outras. Por outro lado, ao termos picadeiros, podemos promover a interação e a proximidade da comunidade com os cavalos”, disse Henrique Cyrne Carvalho.
O Centro de Investigação em Saúde Humana e Animal vai nascer na Maia num terreno de quatro hectares cedido por 30 anos (renovável) pela câmara municipal.
O projeto – que foi apresentado em 2018 localmente e mais recentemente ao Governo e à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) – é uma dos pilares do ‘One Health – Uma Saúde’, um conceito sobre “saúde global” que o ICBAS estuda e promove há mais de quatro anos e que junta três componentes: saúde humana, ambiente e animais.
“A senhora ministra [da Coesão Territorial], Ana Abrunhosa, e o presidente [da CCDR-N], António Cunha, ficaram muito entusiasmados. Prevemos ter, até ao fim do ano, o projeto totalmente pronto para poder concorrer [a fundos europeus]”, contou o diretor do ICBAS.
O projeto físico está pronto e estão em elaboração os projetos de especialidades.
Com auditório, salas de reunião, gabinetes, um centro de cirurgia experimental, espaços que visam associar a medicina experimental e a robótica, uma clínica de cavalos com cirurgia de cavalos e com aposta na reprodução, entre outras valências, o projeto poderá custar cerca de 25 milhões de euros.
Salvaguardando que estes números são estimativas, Henrique Cyrne Carvalho acredita que, “com equipa e equipamento, [o valor possa chegar a] 40 milhões de euros”.
“E isto é algo que exige muita massa humana”, acrescentou, mas sem se “atrever” a fazer uma estimativa de quantas pessoas, referindo que “percebendo a dimensão do projeto, a Câmara da Maia está já a disponibilizar outro espaço contíguo que possa ser utilizado como incubadora”.
Ainda no que se refere aos cavalos, o diretor do ICBAS avançou que uma das prioridades será o estudo da claudicação, que é uma das cirurgias mais frequentes e muito solicitada.
A investigação sobre a utilização das terapias celulares para o desenvolvimento de opções terapêuticas para o cancro e para outras doenças será outra das áreas.
À Lusa, o diretor do ICBAS frisou que este Centro de Investigação em Saúde Humana e Animal “tem de cruzar os três componentes para que se articulem, num ambiente de investigação, um conjunto de investigadores ligados a todas as áreas [animais, humanos e meio ambiente]” e contou que esteve recentemente a visitar uma unidade de cirurgia experimental em Barcelona (Espanha) que foi inaugurada em 2019.
“E a nossa proposta não desmerece nada, pelo contrário, relativamente àquilo que encontramos lá”, referiu.
O primeiro passo para a concretização deste equipamento foi dado em dezembro de 2017, com a assinatura de um protocolo entre o ICBAS e a Câmara da Maia.