Chernobyl: radioactividade continua a assombrar árvores e animais (com FOTOS)



Passaram quase 30 anos desde o desastre nuclear de Chernobyl, que causou uma catástrofe sem precedentes, causou danos incalculáveis na Europa, ainda sentidos hoje em dia.

Embora o sítio já não seja habitado desde essa altura, a verdade é que os animais, árvores e outras plantas continuam lá – e ainda apresentam sinais de envenenamento provocados pela radiação.

Os pássaros de Chernobyl têm o cérebro significativamente menor do que aqueles que vivem em áreas não contaminadas pela radiação. Por outro lado, há lá menos insectos ou javalis do que o habitual e as árvores crescem mais lentamente.

De acordo com um novo estudo publicado na Oecologi, decompositores – organismos como micróbios, fundos e alguns tipos de insectos – também sofreram com a contaminação.

Estas criaturas são responsáveis por um componente essencial em qualquer ecossistema, que é a reciclagem de matéria orgânica e a sua devolução ao solo. Problemas com um processo de nível tão básico, podem, de acordo com os autores do estudo, causar efeitos em todo o ecossistema.

A equipa decidiu investigar esta questão devido a uma observação peculiar. “Realizámos pesquisas em Chernobyl desde 1991 e tem-se notado uma acumulação significativa de lixo ao longo do tempo”, referiram os investigadores, de acordo com o The Ecologist.

Para além disso, as árvores na Floresta Vermelha – uma área em que todos os pinheiros ficaram vermelhos e morreram logo depois do acidente – não parecem estar melhor.

“Para além de algumas formigas, os troncos das árvores mortas estão praticamente iguais desde que os encontrámos pela primeira vez”, disse Timothy Mousseau, um biólogo da Universidade da Carolina do Sul, e principal autor do estudo.

Para saber se o aumento aparente de folhas mortas no chão da floresta – e se os pinheiros aparentemente petrificados seriam indicativos de alguma irregularidade –, Mousseau e os seus colegas resolveram fazer alguns testes de campo.

Os resultados dessas pesquisas revelaram que, em áreas sem radiação, 70% a 90% das folhas se decompõem após um ano. No entanto, em locais onde a radiação era mais activa, 60% das folhas mantêm a sua massa original.

Zona em risco de incêndio

Os estudos revelaram também que, embora os insectos tenham um papel significativo na decomposição das folhas, os micróbios e fungos desempenham uma função muito mais importante.

“A essência do nosso resultado revelou que a radiação inibia a decomposição microbiana da serapilheira sobre a camada superior do solo”, afirmou Mousseau.

Isto significa que os nutrientes não se estão a desenvolver de forma eficiente devido ao solo, o que pode ser umas das causas por trás das taxas que revelam o crescimento lento das árvores em Chernobyl.

Outros estudos revelaram também que a zona de Chernobyl está em risco de incêndio, o que será ainda um problema mais preocupante ao nível da destruição ambiental, pois os incêndios podem redistribuir os contaminadores radioactivos para zonas fora da área de exclusão.

Mousseau acrescenta que “existe uma crescente preocupação que recai sobre a possibilidade de um incêndio catastrófico nos próximos anos”.

Infelizmente, ainda não se encontrou uma solução óbvia para o problema em questão, para além da necessidade de manter um olhar rigoroso sobre a zona de exclusão para tentar extinguir rapidamente possíveis incêndios.

Agora, vários outros estudos estão a desenvolver-se em Fukushima, no Japão, para perceber se esta região está também a sofrer com uma zona microbiana morta. Veja algumas das fotos de Chernoby, 28 anos depois, ou veja a galeria abaixo.

Foto: Kyle Taylor, Dream It. Do It. / Creative Commons

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