China aposta em projeto de sustentabilidade contra cultivo de soja em terras indígenas brasileiras
A China vai avançar com um projeto de sustentabilidade ligado à exploração da soja no Brasil para impedir a utilização de trabalho forçado e o cultivo em terras indígenas, anunciou o Fórum Macau.
A China National Cereals, Oils and Foodstuffs Corp garantiu o apoio da Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla inglesa) e vai concentrar-se nas fazendas produtoras de soja nos estados brasileiros do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, indicou na terça-feira o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que cita um comunicado da empresa estatal chinesa.
“A triagem vai utilizar imagens de satélite e outras informações geográficas e dados oficiais para garantir, por exemplo, que as fazendas não utilizem trabalho forçado nem cultivem terra indígena ou listada para conservação”, pode ler-se na mesma nota.
A Agrosatélite, “uma empresa brasileira especializada em deteção remota através de imagens de satélite e inteligência geográfica, foi selecionada como parceira técnica do projeto”, sublinha-se.
Tanto a IFC como a empresa chinesa “esperam que o projeto englobe 85% dos fornecedores diretos da empresa estatal chinesa nestes estados brasileiros até 2021” e a totalidade até 2023, salienta-se.
Sobre o possível impacto da pandemia da covid-19 nas trocas comerciais entre o Brasil e a China, o diplomata apontou para um aumento das exportações brasileiras, durante o primeiro trimestre do ano, em termos homólogos, particularmente de soja, produto dominante na pauta comercial.
Os dados dos primeiros cinco meses do ano revelam que o Brasil continua a ser de longe o país lusófono com o maior volume de trocas comerciais com a China, garantindo mais de 80% dos bens transacionados.
No final de julho, em entrevista à Lusa, o embaixador brasileiro em Pequim apontou para um aumento das exportações brasileiras, durante o primeiro trimestre do ano, em termos homólogos, particularmente de soja.
Paulo Estivallet de Mesquita sublinhou mesmo que “dentro do G20, o Brasil é o país que teve o melhor desempenho [comercial], o que menos foi afetado”, pelo impacto da pandemia do novo coronavírus ao nível das trocas comerciais.