China: cidades verdes criam aldeias de cancro suburbanas



Na maioria das cidades chinesas, o custo ambiental de um desenvolvimento rápido é óbvio: o ar torna-se irrespirável e a água não potável. Menos óbvio é certamente o custo de os limpar.

Desde o final dos anos 1990, o programa National Model Cities for Environmental Protection tem credenciado, pelo menos, 76 cidades do país como exemplos de sustentabilidade urbana, com base em critérios como ar limpo, ruas sem lixo e amplos parques públicos. No entanto, a China alberga também centenas de aldeias de cancro.

Segundo o The Guardian, um académico norte-americano passou anos a projectar uma ligação entre estes dois cenários. “Penso que a maioria das cidades-modelo também têm aldeias de cancro – uma, duas ou três delas”, disse Lee Liu, professor de geografia na University of Central Missouri.

Liu argumenta num livro recente que a ambição da China pelas cidades verdes criou aldeias de cancro nas suas periferias, à medida que os governos municipais desviam as fábricas para áreas onde o impacto ambiental é menos visível.

A prova científica capaz de ligar as taxas de doenças à poluição emitida por essas fábricas é, contudo, muito ambígua. “Como podemos provar que uma fábrica poluente causou um cancro? Não podemos”, explicou Liu.

A ligação é, de facto, indirecta. O académico afirma, contudo, que se se proceder a um mapeamento, veremos uma série de aglomerados em torno das ditas “cidades verdes”. Ou seja, o perigo continua a existir, apenas foi transferido para as redondezas nos grandes centros.





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