China: regiões mais pobres “obrigadas” a enviar água para as mais ricas e populosas



A China tem hoje mais de 20 mega-projectos de transferência de água de regiões pobres para outras mais ricas e populosas, mas a estratégia não está a funcionar, de acordo com um novo estudo desenvolvido por um consórcio entre universidades chinesas, inglesas e norte-americanas.

De acordo com o projecto, a estratégia chinesa não está a conseguir acabar com a escassez de água locais como Pequim, Xangai, Tianjin e províncias de Zhejiang e Guangdong mas, por outro lado, está a deixar regiões ricas em água, ainda que pobres, em locais com stress hídrico, como Hubei – que envia água para Pequim.

Segundo o Quartz, todos os projectos em actividade enviam 44,8 mil milhões de metros cúbicos de água para várias regiões do país. Para além de provocar instabilidade nos recursos naturais do país, o projecto também obrigou à relocalização de milhares de pessoas.

“O projecto está a colocar boa água atrás da má: os problemas das regiões com stress hídrico não vão ser aliviados e as províncias que partilham a sua água estão a sofrer”, explicou Dabo Guan, professor de economia das alterações climáticas na universidade de East Anglia e co-autor do estudo.

Para além da água, também foi transferida a produção de produtos que precisam de grandes quantidades deste recurso, como o carvão, ou até de gado.

“A nossa análise concluiu que ambas correntes de água – a virtual e a física – não ajudam a mitigar o stress hídrico nas regiões com falta de água, mas acabam por aumentar esse mesmo stress em regiões que exportam o recurso”, concluiu o estudo.

Foto: Lago Lugu, China. Maggie Meng / Creative Commons





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