Cidadãos de cidade remota nos Andes adaptaram-se geneticamente ao arsénico
Alguns cidadãos da aldeia de San António de los Cobres, nos Andes, têm uma adaptação genética que lhes permite processar rapidamente altos níveis de arsénico, de acordo com um estudo de uma equipa de pesquisa sueca.
Quando exposto em grandes quantidades, o arsénico pode levar a lesões de pele, danos no fígado, cancro, falhas de vários órgãos e paragens cardíacas. Por outro lado, esta toxina entra no nosso corpo, normalmente, através de exposição ambiental ou ocupacional.
É esse o caso, de resto, da aldeia de San António de los Cobres, cuja pedra vulcânica liberta arsénico até à água consumida pelos locais – quando testada, esta relevou níveis de arsénico até 20 vezes superior à quantidade considerada segura pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A conclusão não é nova – existem múmias com entre 400 a 7.000 anos, encontradas na região, que já mostravam registos altos de arsénico no cabelo. A novidade é que os habitantes desta região têm uma mutação no gene que processa o arsénico de uma forma menos tóxica. Uma equipa de cientistas analisou o DNA de 124 mulheres da aldeia e descobriu que até um quarto destas consegue processar mais rapidamente o veneno e, assim, expulsá-lo do seu sistema.
Os pesquisadores acreditam que os que têm esta tolerância estão mais propensos a sobreviver e passar esta genética aos seus descendentes, mas ainda não sabem como funciona esta mutação. E ainda não desenvolveram testes específicos de arsénico à população de San António de los Cobres. “Esta é a primeira pesquisa que demonstra provas de uma população única adaptada para tolerar o químico tóxico”, explica a equipa.
Foto: “San Antonio de los Cobres (1)” by Roberto Ettore – Own work. Licensed under CC BY 3.0 via Wikimedia Commons