Cidadãos entregam carta a pedir soluções para evitar abate de árvores em Coimbra



Um grupo de cidadãos entregou hoje uma carta a pedir soluções à Câmara de Coimbra que evitem abate de 11 árvores na rua Lourenço Almeida Azevedo, mas município diz que “não há alternativa”.

Um grupo de cerca de 20 cidadãos concentrou-se hoje à entrada da Antiga Igreja do Convento São Francisco, onde deixou várias flores de jacarandás (uma das espécies de árvores a ser abatida) no chão, tendo acompanhado depois o arranque dos trabalhos da Assembleia Municipal de Coimbra, que decorreu naquele local.

Em causa, está o abate de 11 árvores na rua Lourenço Almeida Azevedo, no âmbito da empreitada do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), que prevê autocarros elétricos articulados a circular em canal dedicado entre Lousã e Coimbra.

Margarida Pedroso Lima, em representação do grupo, falou durante a Assembleia Municipal e abordou os benefícios do arvoredo urbano para a saúde e para o combate às alterações climáticas, além de uma perda simbólica e identitária de árvores numa das ruas mais bem arborizadas da cidade.

“Eu venho que pedir que as árvores desta rua sejam poupadas e possam viver”, disse a docente da Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra, pedindo à Câmara de Coimbra que encontre soluções que permitam poupar essas mesmas 11 árvores.

Na carta entregue à vereadora com o pelouro do urbanismo, Ana Bastos, o grupo de cidadãos afirmava que tinha a confiança “no município para encontrar soluções técnicas que permitam compatibilizar o traçado do ‘metrobus’ com a manutenção do arvoredo”.

Na sua intervenção, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, recordou que o projeto inicial de 2017 previa o abate de muitas mais árvores naquela rua, que o atual executivo reduziu de 43 para 11, num projeto apresentado em 2023 e aprovado por unanimidade, na reunião do executivo

“Já evitámos o corte de todas as árvores que eram evitáveis de cortar. Não há alternativa”, disse o autarca eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS-PP/NC/PPM/A/RIR/VP).

Segundo José Manuel Silva, já “tudo foi avaliado e estudado exaustivamente e, por isso, foi possível reduzir drasticamente o número de árvores”, recordando que o projeto do SMM prevê naquela rua duas vias dedicadas para o ‘metrobus’, uma única fila de estacionamento e uma via rodoviária com sentido descendente (atualmente há filas de estacionamento dos dois lados e vias rodoviárias nos dois sentidos).

O autarca defendeu ainda os relatórios fitossanitários que propõem o abate de árvores, considerando que não há nenhuma razão para duvidar “do estudo fundamentado”.

O deputado do PS Ferreira da Silva reclamou para os socialistas a obra do SMM, considerando que o mesmo só será feito graças à execução de governos liderados por aquele partido.

Apesar de defender que “a nova mobilidade se deve toda ela ao PS” e apesar de o PS ter aprovado quer o projeto inicial que previa o corte de mais árvores quer a sua reversão pelo atual executivo, Ferreira da Silva manifestou-se contra o abate.

“Deve haver engenho e arte para atenuar ou mesmo evitar isso”, defendeu.

O deputado do movimento Cidadãos por Coimbra, João Malva, acusou o executivo de falta de informação e de diálogo no processo de abate de árvores “na mais bela rua de Coimbra”.

“A intervenção tem de envolver ampla discussão com as populações”, defendeu, lembrando que parte das árvores que serão eliminadas estão propostas para abate desde 2013, mas que, desde então, se mostram “pujantes e passaram por tempestades e vendavais”.

Já Manuel Pires da Rocha (CDU), recordando que aquela força sempre criticou o projeto do SMM, defendeu que se fale de políticas na área do arvoredo urbano, apontando também para o trabalho do vereador eleito (que tem a pasta de jardins e espaços verdes), que investiu na plantação de árvores e no cadastro do arvoredo urbano.






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