Cidades norte-americanas e europeias lideram luta para a neutralidade carbónica
As cidades europeias e as norte-americanas são as que mais contribuem para alcançar as metas de neutralidade carbónica, indica o estudo Savills Impacts 2022. Os dados mostram que estas lideram o ranking na luta contra as zero emissões de carbono com 38%, em comparação com 18% na América Latina, 17% na África Subsaariana, 14% na região Ásia-Pacífico e 4% no Médio Oriente e no Norte de África.
As cidades têm um papel imprescindível na luta contra as alterações climáticas, afinal, são onde se concentram grande parte das emissões de gases com efeito de estufa (+60%), e onde se estima que a maior parte da população mundial vá viver nas próximas décadas.
A cidade de Nova Iorque, por exemplo, continuou empenhada nos princípios do Acordo de Paris quando os Estados Unidos se retiraram em 2017. Por outro lado, o Conselho Municipal de Barcelona aprovou um plano ambicioso para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa da cidade em 45% até 2030, quatro anos antes do congresso espanhol ter aprovado o roteiro global do país para a neutralidade de carbono. Mais perto, em 2018, Lisboa foi eleita Capital Verde Europeia 2020, como forma de distinção do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido. Até 2030, a capital tem o compromisso de reduzir em 70% as emissões de gases com efeito de estufa comparativamente aos valores de 2002.
O mercado imobiliário tem um peso nesta questão. O setor é responsável por 40% das emissões globais de gases com efeito de estufa e é, portanto, uma área de atividade importante a considerar pelas cidades ao planearem as suas estratégias de sustentabilidade.
Como demonstra o relatório, em mercados imobiliários menos maduros, nomeadamente no Médio Oriente, África e Índia, existe potencial para desenvolver novas ações compatíveis com o ambiente. No entanto, os mercados imobiliários maduros devem concentrar-se na readaptação. Este desafio é particularmente urgente na Europa, que apresenta uma taxa de apenas 1-2% de novas construções, resultando na necessidade de atualizar o stock histórico de edifícios. Os governos locais e nacionais devem trabalhar em conjunto com organizações comerciais e cidadãos para desenvolver estratégias coesas de redução de emissões que possam ser implementadas em todos os níveis da sociedade. A construção estará, portanto, na vanguarda desta revolução dos edifícios verdes, com a Oxford Economics a sugerir que o resultado da construção a nível global poderá atingir os 15,2 biliões de dólares até 2030, um aumento de 42% em relação a 2020.
“É necessário acelerar a descarbonização das carteiras imobiliárias sob a ameaça das alterações de climáticas, pressão de novas regulamentações e taxas, bem como acesso aos financiamentos ‘green’ cumprindo com os critérios definidos pela EU Taxonomy”, refere Nuno Fideles, Associate Architect & Sustainability Consultant BREEAM AP da Savills Portugal.
Acrescenta ainda que, “em toda a Europa, a procura de edifícios verdes por parte dos inquilinos levou a um aumento da atividade de desenvolvimento de escritórios, tendo o development pipeline em 2021 aumentado em 24%. A descarbonização de edifícios já está a ser impulsionada por mais proprietários, investidores imobiliários e empresas, não apenas para ajudar a arrefecer um planeta em aquecimento, mas também porque o seu próprio sucesso depende disso”, assegura.