Cientistas da UCoimbra estão a estudar novos planos de emergência para incêndios florestais



A Universidade de Coimbra (UC), a Escola Nacional de Bombeiros (ENB) e o Centro de Inovação e Competências da Floresta (SERQ), juntaram-se para estudar novos planos de emergência, considerando os mais diversos cenários, para proteção das comunidades em risco de incêndio florestal.

O projeto “Evacuar Floresta – Decisões e Planos de Evacuação em Cenários de Incêndio Florestal” pretende apoiar as entidades governamentais e locais “na proteção das pessoas envolvidas, criando indicações específicas sobre a forma e mecanismos a utilizar para proteger e tornar mais resiliente cada uma das comunidades, face às suas particularidades e desenvolvimento do incêndio. A proteção das pessoas de uma determinada comunidade tem de ser pensada e discutida muito antes dos incêndios; as possíveis soluções têm de estar acauteladas através de planos de emergência e evacuação”, explica Aldina Santiago, coordenadora do estudo e docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

Como revela a investigadora, este projeto vem preencher uma lacuna, dado que “Para os incêndios urbanos já existem planos de evacuação desenvolvidos, mas o mesmo não acontece nos incêndios florestais”. O que existe para apoio de tomada de decisão “é muito reduzido em termos técnicos e científicos e depende em muito da sensibilidade do comandante no teatro das operações. Muitas das vezes, esta escolha é criticada, ou porque é feita de forma muito antecipada ou porque é feita de forma tardia”.

Na presente investigação os cientistas focaram-se na caracterização e estudo do que já existe no que respeita a estratégias associadas à proteção das pessoas em cenário de incêndio rural, não só em Portugal, mas também em outros países que são fustigados pelos fogos florestais, como, por exemplo, Espanha, Itália, Grécia, Austrália e Estados Unidos. Atualmente as estratégias assentam nas evacuações preventivas, algo que Portugal começa também a aplicar.

A equipa tem efetuado trabalho de campo junto das comunidades escolhidas para casos de estudo, situadas nos concelhos da Lousã e Sertã. No caso do município da Lousã, foram escolhidas as localidades de Cerdeira e Cabanões. Segundo a coordenadora do projeto, estas escolhas não foram aleatórias. “Cabanões é uma localidade isolada, de difícil acesso, com uma população reduzida (menos de 25 pessoas), envelhecida e com algumas limitações de mobilidade; já a Cerdeira, é uma localidade com componente turística significativa, com uma população muito variável, tanto ao longo da semana, como ao longo do ano. É difícil saber quantas e onde as pessoas estão nesta localidade e na sua envolvente; esta incerteza é sem dúvida um dos fatores que dificulta a proteção destas pessoas em caso de incêndio”.

Com recurso a métodos numéricos avançados, estão também a trabalhar em modelos que permitem simular a propagação do incêndio e a evacuação das pessoas. “Estas simulações estão a ser calibradas com dados de incêndios reportados na literatura, mas esperamos vir brevemente a simular os incêndios ocorridos nas últimas semanas em Portugal. Cruzando resultados, conseguimos estudar o impacto de possíveis soluções, possíveis alternativas para proteção”, esclarece Aldina Santiago.

Os sistemas de modelação e simulação de evacuação “são ferramentas essenciais para planeamento e tomada de decisão” refere, sublinhando que “Durante a evacuação e o incêndio, o comportamento das pessoas também é um fator determinante; o que as pessoas fazem, e quando o fazem, depende muito da distribuição no espácio-temporal dos eventos num cenário de catástrofe, sendo a educação da população para esta temática igualmente determinante para o sucesso deste processo”.

Com um investimento de 270 mil euros da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o projeto encontra-se a ser desenvolvido até 2023.

Os investigadores da Universidade de Coimbra – Hélder Craveiro, Aldina Santiago e Luís Laím.




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