Cientistas decifram ‘linguagem secreta’ das plantas para descobrir os habitats mais adequados



As alterações climáticas humanamente induzidas e a destruição de habitats naturais são apenas dois de vários fatores que estão a pressionar cada vez mais as espécies vegetais, testando os limites da sua tolerância a condições desfavoráveis.

Com um planeta cada vez mais quente e com paisagens alteradas, as plantas terão de encontrar novos locais onde possam sobreviver. Uma investigação liderada pela Universidade da Califórnia (Estados Unidos da América) pode ter descoberto uma forma de ‘escutar’ as preferências climáticas dessas espécies.

Num artigo divulgado esta semana na revista ‘Functional Ecology’, os cientistas dizem que as plantas têm escondida nas suas folhas e ramos uma ‘linguagem secreta’ através da qual nos podem dizer em que climas preferem viver.

Para tal, criaram um modelo estatístico que prevê as condições de temperatura e precipitação que cada espécie prefere, com base na sua altura, bem como no tamanho, anatomia e composição química das suas folhas e na densidade do seu lenho.

Assim, afirmando que até ao momento ainda não existia uma forma credível de aferir o ambiente ótimo para uma determinada espécie vegetal, estes investigadores dizem que, no que toca à conservação de espécies de plantas, o que tem sido feito é movê-las para locais semelhantes àqueles onde se encontram atualmente ou proteger os habitats atuais. Mas salientam que “qualquer uma das abordagens pode comprometer a sobrevivência futura da espécie”, pois os locais onde se encontram num dado momento não reúnem necessariamente as condições ambientais ótimas.

Como tal, estes investigadores acreditam que o seu modelo estatístico permite aferir a temperatura e a quantidade de chuva que uma espécie prefere, não apenas o que pode tolerar.

“As espécies de plantas podem dizer-nos diretamente as suas preferências climáticas e a sua vulnerabilidade a potenciais alterações climáticas numa ‘linguagem’ nas suas folhas e no seu lenho”, explica Lawren Sack, ecólogo e um dos principais autores do trabalho.

“Agora que sabemos isso, se nos derem uma folha ou um pedaço de lenho, podemos dar uma boa previsão científica sobre o local onde a planta prefere viver”, salienta.

Estes investigadores, tal como outros, acreditam que muitas espécies de plantas estão hoje a sobreviver, mais do que a viver, em ambientes que não são os mais adequados às suas características biológicas, estando, por isso, num permanente estado de stress. E o avanço galopante das alterações climáticas tornará a situação cada vez pior.

Com esta nova ferramenta, consideram que será possível reforçar programas de conservação, fazendo corresponder cada espécie vegetal ao seu nicho ótimo, procurando assegurar a sua sobrevivência e a recuperação das populações.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...