Descoberto “oásis de vida” nas profundezas das águas das Maldivas



Um grupo de cientistas mergulhou nas águas das Maldivas para mapear os seus atóis, mas acabou por descobrir um ecossistema que se acredita que não tenha ainda sido identificado, a cerca de 500 metros de profundidade no Oceano Índico.

O Presidente do pequeno Estado arquipelágico tropical, Ibrahim Mohamed Solih, argumenta que “o oásis de vida nas profundezas que circundam as Maldivas dá-nos novo conhecimento fundamental para fortalecer os nossos compromissos de conservação e a gestão sustentável do oceano”, ao mesmo tempo que ajudará a suportar os setores da pesca e do turismo.

Por sua vez, Lucy Woodall, a principal cientista da Missão Nekton, afirma que os dados extraídos das imagens captadas, “combinados com as amostras biológicas que colhemos com os nossos submersíveis e mapeamento extensivo com sonar”, apontam para um ecossistema em que grandes predadores, como tubarões e outros grandes peixes, alimentam-se de ‘exames’ de nekton, “pequenas criaturas marinhas que estão ‘presas’ na paisagem submarina a essa profundidade”.

Os organismos que compõem o nekton podem medir entre até 10 centímetros e alimentam-se de zooplâncton, e têm a capacidade para nadar livremente independentemente das correntes marinhas. Tipicamente, esses pequenos animais migram das profundezas para águas mais superficiais durante a noite, regressando à origem com o romper do dia, um fenómeno conhecido como ‘A Migração Vertical’, que se considera ser a maior migração noturna do mundo.

Contudo, os cientistas explicam que o estrato vulcânico submarino e os recifes de corais fossilizados, que constituem a base dos atóis das Maldivas, a par de escarpas verticais íngremes e terraços, parecem impedir que o nekton mergulhe para zonas mais profundas quando o sol nasce. Assim, presos nessa área, esses pequenos organismos servem de alimento a grandes predadores pelágicos, dando origem a um ecossistema único.

Fonte: Nekton Mission

Recordando que já tinha sido possível, anteriormente, observar tubarões em águas mais superficiais nessa região, Shafiya Naeem, responsável do Instituto de Investigação Marinha das Maldivas, conta que “pela primeira vez, documentámos uma imensa diversidade de tubarões no mar profundo”. A missão pôde registar a presença de tubarões-tigre, de tubarões-martelo, de tubarões-luzidios (Carcharhinus falciformis) e até o raro tubarão-prego (Echinorhinus brucus).

Alex Rogers, que conta com mais de 30 horas de mergulho na ‘zona armadilhada’ das Maldivas, afirma que essa área “tem todas as características de um distinto novo ecossistema”, e acredita que poderão existir zonas semelhantes noutras ilhas oceânicas.

Fonte: Nekton Mission

Hussain Rasheed Hassan, ministro das Pescas, Recursos Marinhos e Agricultura das Maldivas, alerta que o arquipélago “está a enfrentar uma ameaça existencial causada pelos impactos humanos e pelas alterações climáticas” e que a sua sobrevivência depende de “soluções baseadas na ciência que nos ajudem a mitigar e a adaptar-nos aos efeitos desastrosos nas alterações climáticas”.

Criada em 2016, a Nekton Mission resulta de uma parceria entre o governo das Maldivas e o Instituto de Investigação Marinha desse país, e tem como um dos principais objetivos dar a conhecer as maravilhas dos oceanos para que a sua proteção seja fortalecida, destacando, em particular, que existe apenas um oceano, e que o que acontece num afeta todos os outros. “Tudo está ligado a um só oceano que cobre quase todo o mundo, do norte ao sul, do este ao oeste”, declaram os cientistas, defendendo que proteger os oceanos é proteger o planeta Terra.





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