Cientistas descobrem químico que permite aos animais marinhos suportarem as pressões extremas das profundezas dos oceanos



A ciência já registou a existência de animais a 11 quilómetros abaixo da superfície do mar, no fundo da Fossa da Marianas, no Oceano Pacífico, onde podem ser experienciadas pressões de 1,1 quilobares, o equivalente a oito toneladas por cada 6,5 centímetros quadrados, uma pressão 1.100 vezes superior à que é sentida à superfície da Terra.

Os especialistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, explicam que o aumento da pressão faz com que as moléculas de água comecem a mudar de forma. “Quando isso acontece à água que está dentro das células vivas, impede a ocorrência de processos bioquímicos vitais e mata o organismo”.

Então, como podem as profundezas dos oceanos ser habitadas por criaturas que vivem e se reproduzem sob pressões tão elevadas? Os cientistas revelam que o segredo reside numa molécula encontrada nas células de organismos marinhos que neutralizam os efeitos da pressão exterior nas suas moléculas de água.

Lorna Dougan, professora na Faculdade de Física e Astronomia, afirma que “nas profundezas dos oceanos, os organismos vivem sob pressões extremamente altas que destruiriam a vida humana”, mas destaca que “a vida adaptou-se para sobreviver e proliferar em ambientes extremos”.

A molécula que permite a várias criaturas marinhas suportarem essas pressões esmagadoras, e que seriam fatais para a maioria das formas de vida, chama-se N-óxido de trimetilamina, ou TMAO. Estudos anteriores demonstram que a quantidade de TMAO nos organismos marinhos aumenta quanto mais profundo for o seu habitat.

Colocado de forma simples, a TMAO reforça as ligações entre os átomos de hidrogénio nas moléculas de água das criaturas marinhas, tornando-as mais resistentes ao efeito da pressão exterior que caracteriza os ambientes marinhos mais profundos, permitindo contrariar esses efeitos e a sobrevivência dos animais que vivem a essas profundidades.

“A TMAO fornece uma ancoragem estrutural que resulta na capacidade da água para resistir à pressão extrema a que está sujeita”, argumenta Harrison Laurent, que liderou o estudo, e acrescenta que “as descobertas são importantes porque ajudam os cientistas a perceber os processos através dos quais os organismos se adaptaram à vida nas condições extremas encontradas nos oceanos”.

“O nosso estudo estabelece uma ponte entre a água sob pressão ao nível molecular e a capacidade fantástica dos organismos para proliferarem em grandes pressões nas profundezas dos oceanos”, destaca Dougan.





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