Cientistas descodificaram genoma de duas espécies de pinguins
Uma equipa internacional de cientistas sequenciou pela primeira vez os genomas de duas subespécies de pinguim da Antárctida: o pinguim-imperador e o pinguim-de-adélia. O mapeamento vai permitir agora perceber como estas duas subespécies lidaram com o ambiente hostil da Antárctida no passado, como se adaptaram ao longo do tempo às alterações climáticas e como se vão adaptar no futuro.
Tanto o pinguim-imperador como o pinguim-de-adélia conseguem lidar com todo o tipo de condições meteorológicas polares severas, incluindo temperaturas extremamente baixas, ventos muito fortes e alterações profundas na luz do dia. Estas capacidades físicas estão intrinsecamente ligadas a sistemas biológicos complexos que os ajudam a regular a temperatura e a armazenar gordura para um jejum prolongado. Ao analisarem o ADN destes animais e ao compararem-no com o de outras espécies de aves, os cientistas conseguiram descortinar alguns destes mecanismos, revelando as bases genéticas destas adaptações.
A investigação foi conduzida pelo instituto de Genómica de Pequim, na China, e concluiu que os pinguins surgiram na Terra há cerca de 60 milhões de anos. O estudo, publicado na revista GigaScience, revela ainda que as populações de pinguins-de-adélia aumentaram consideravelmente há cerca de 150 mil anos, devido a um aquecimento do clima global. Posteriormente, há cerca de 60 mil anos, as populações sofreram uma redução durante um período glaciar. Já as populações de pinguins-imperadores mantiveram-se estáveis ao longo do tempo, o que indica aos cientistas que esta subespécie está mais bem adaptada às condições glaciares, escreve o Nature World News.
Durante o estudo, os cientistas centraram-se no metabolismo dos lípidos nas duas subespécies de pinguins. Foram identificados oito genes implicados no metabolismo dos lípidos nos pinguins-de-adélia e três nos pinguins-imperadores. O armazenamento de energia é crucial para estes animais pois é esta energia que lhes permite resistir ao frio e sobreviver a grandes períodos de jejum.
Os investigadores analisaram ainda genes ligados à formação de penas e identificaram 17 genes ligados às pequenas asas dos pinguins que lhes permitem nadar dentro de água.
Foto: Christopher.Michel / Creative Commons