Cientistas dizem que é possível introduzir medicamentos que alterem comportamento moral e ético das pessoas
Imagine que, com um simples comprimido, pode ajudar a mudar o comportamento moral e ético das pessoas. Sim, parece ficção científica, mas para os investigadores e cientistas autores do livro Enhancing Human Capacities, lançado na segunda-feira, esta pode ser uma realidade a médio e longo prazo.
“A ciência tem ignorado, até agora, a questão do melhoramento moral, mas o debate está a intensificar-se. Há cada vez mais pesquisas sobre o tema e estudos indicam que alguns medicamentos afectam a forma como as pessoas respondem a dilemas morais, ao aumentar o seu sentido de empatia, afecção pela comunidade ou ao reduzir a agressão”, explicou ao The Guardian Guy Kahane, director-adjunto do Oxford Centre for Neuroethics.
Este é um tema ainda na sua infância, alerta Kahana, mas “não se trata de ficção científica, está muito longe disso”.
Há já medicamentos, como o Prozac, que são conhecidos por afectar o comportamento moral, mas os cientistas prevêem mais avanços e que podem permitir manipulações ainda mais sofisticadas.
Imagine, por exemplo, um tratamento para pensamentos racistas – ou uma terapia para aumentar a empatia de um indivíduo com outras pessoas e comunidades. De acordo com a equipa que escreveu Enhancing Human Capacities, há tratamentos de moral que podem até ser utilizados para substituir penas de prisão e ajudar a humanidade a resolver outros problemas globais.
Ruud Ter Meulen, um dos autores do livro, avisa que o comportamento “moral básico é ajudar os outros, sentir-se responsável por eles e ter um sentido de solidariedade e de justiça”. Ainda assim, o professor em Ética na Medicina avisa que não tem a certeza “que estes medicamentos possam alguma vez atingir [este estado]”. Ainda assim, não há dúvidas que eles nos podem fazer sentir “mais desejáveis, sociais, menos agressivos e com uma atitude mais aberta em relação às outras pessoas”.
Quase todos os comentários dos leitores à notícia do The Guardian rejeitam esta abordagem. “Querem transformar-nos em laranjas mecânicas”, escreve um leitor. “Oh não, há inúmeros livros de ficção científica a alertar-nos para este tipo de coisas. Talvez alguém devesse ler um deles”, desabafa outro.
E qual a sua opinião, caro leitor: mesmo que não seja ficção científica, concorda com esta alteração “artificial” do comportamento moral e ético da sociedade?