Cientistas portugueses deixam recado aos futuros governos: “gerir o oceano só com ciência”



Os diretores de cinco centros e institutos de investigação portugueses dedicados às ciências do mar publicaram uma carta aberta endereçada aos futuros governos do país na qual destacam “a urgência de uma gestão do oceano alicerçada no conhecimento científico, em investimento tecnológico e numa visão estratégica de longo prazo”.

O MARE, o CCMAR, o CESAM, o CIIMAR e a OKEANOS dizem que Portugal vive uma “situação paradoxal”, na qual “um país com uma zona económica exclusiva (ZEE) significativamente maior do que o seu território terrestre, não dispõe dos meios necessários para estudar e monitorizar o seu próprio oceano de forma adequada”.

O grupo científico, em nota divulgada no site do MARE, diz que “gerir o oceano só com ciência” e chama a atenção do público para o facto de os navios nacionais de investigação para aprofundar o conhecimento sobre os mundos marinhos “são escassos, obsoletos e raramente acessíveis às universidades”. Esse é um entrave que, sustentam as instituições, dificulta “a produção de conhecimento essencial para uma governação eficaz e sustentável do mar”.

A carta aberta, que foi originalmente publicada no jornal ‘Público’ no passado dia 8 de junho, surge numa altura em que os líderes mundiais se congregam em Nice, em França, para a terceira cimeira global das Nações Unidas dedicada aos oceanos, que arrancou esta segunda-feira e se estende até dia 13, e na qual se ouviram já discursos efusivos e cheios de determinação sobre a indispensabilidade de proteger os oceanos e a diversidade de vida neles contida.

Trazendo o olhar de volta para o plano português, estes cinco centros de investigação lamentam que “apesar dos avanços científicos recentes, a investigação marinha nacional continua a ser limitada por restrições orçamentais, falta de infraestruturas modernas e dificuldades no acesso a tempo de navio, colocando o país atrás de vizinhos como Espanha, cuja frota oceanográfica é gerida de forma colaborativa e integrada”.

Numa altura em que por cá, já com o novo Executivo devidamente instalado, se começam a fazer contas e a refletir sobre o Orçamento do Estado, os autores recordam que “o oceano é um ativo essencial ao bem-estar humano e ao equilíbrio climático, sendo responsável por regular o clima, fornecer oxigénio, alimentos e absorver dióxido de carbono”, e exortam o Governo a dedicar 3% do PIB à investigação e ao desenvolvimento até ao final desta década, algo que consideram que deve ser visto como “um compromisso inadiável com o futuro sustentável do país”.






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