Cientistas portugueses desvendam segredos dos tubarões de profundidade nos Açores



Uma equipa de investigadores das universidades do Algarve e dos Açores revela novos detalhes sobre a ecologia de duas espécies de tubarões de profundidade no arquipélago português: o tubarão gata-lixa (Dalatias licha) e o tubarão-albafar (Hexanchus griseus).

As descobertas foram divulgadas num artigo publicado na revista ‘Ocean & Coastal Management’, assinado por Miguel Gandra, do Centro de Ciências Do Mar Do Algarve (CCMAR), da Universidade Do Algarve, por Jorge Fontes, Bruno Macena e Pedro Afonso, do OKEANOS – Instituto de Ciências Marinhas da Universidade dos Açores, e por Carl Meyer, da Universidade do Havai em Mānoa.

Os cientistas dizem que estas duas espécies de tubarões são difíceis de estudar, por viverem entre os 100 e os 1.500 metros abaixo da superfície marinha, e uma delas, o gata-lixa, está classificado como “Vulnerável” ao risco de extinção na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza. O tubarão-albafar tem um estatuto global de “Quase ameaçado”.

São ambos grandes predadores, mas, até agora, pouco se sabia sobre os seus comportamentos e utilização do habitat nos mares dos Açores.

Ao longo de mais de uma década, foram monitorizados 21 tubarões gata-lixa — com transmissores acústicos e sensores de profundidade — e sete albafares — marcados com tecnologia acústica e satélite, explicam os investigadores em comunicado.

Para reduzir o impacto sobre os tubarões, algumas destas marcas foram aplicadas diretamente a partir de um submersível tripulado da organização OceanX.

Os resultados revelam uma presença frequente e prolongada das duas espécies nas águas açoriana, com deteções periódicas ao longo de mais de quatro anos.

Os albafares apresentaram padrões de movimento mais amplos e áreas de residência mais extensas, enquanto os gata-lixa mostraram comportamentos mais sedentários, fortemente associados aos taludes insulares. Ambas as espécies realizam migrações verticais diárias, ascendendo a águas menos profundas durante a noite. No caso do gata-lixa, observou-se ainda uma clara segregação sexual, com machos e fêmeas a preferirem diferentes profundidades.

Para os cientistas, estudo reforça que os tubarões de profundidade não são todos iguais, exibindo estratégias espaciais distintas, e que, mesmo longe dos olhos humanos, estas espécies enfrentam pressões crescentes associadas à pesca e à degradação dos habitats profundos.






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