Cientistas portugueses participam em estudo internacional sobre a biodiversidade do oceano Atlântico
Uma equipa de cientistas descobriu a explicação para até 88% da biodiversidade de foraminíferos planctónicos (parte do zooplâncton) fossilizados nos últimos 100 anos no fundo do oceano Atlântico, com base na análise de fatores ambientais como a temperatura da água, a produtividade desses seres microscópicos e as correntes marinhas.
“Como é que a biodiversidade dos oceanos varia e quais os fatores que a influenciam, de modo a poder preservá-la”. Este foi, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o mote que esteve na origem da investigação publicada na revista ‘Frontiers’, e a fossilização terá ocorrido “ainda antes das consequências mais importantes da atividade humana durante o século XX”, pelo que “estas descobertas são fundamentais para uma melhor compreensão da forma como as alterações climáticas podem afetar a biodiversidade no futuro, assim como para a conservação dos oceanos”.
Em comunicado, o IPMA diz que “todos estamos preocupados com o desaparecimento de muitas espécies que fazem parte deste mundo maravilhoso, ou seja, com a diminuição da biodiversidade nos oceanos”, e que “para poder preservar a biodiversidade dos oceanos, é fundamental descobrir como é que ela varia e quais os fatores que a influenciam”, isto é, quais os mecanismos que promovem essa diversidade de espécies e a sua distribuição.
Para isso, os investigadores recorreram a “métodos estatísticos para quantificar a dinâmica da biodiversidade” e descobriram que, “em larga escala”, as três variáveis usadas explicam “a distribuição das espécies de foraminíferos [espécies de zooplâncton] no Atlântico durante o último século”.
“Os investigadores conseguiram também determinar as principais zonas das diferentes comunidades no Oceano”, aponta o IPMA, e “descobriram ainda os pontos de viragem das comunidades, para cada uma das variáveis ambientais”.
“Sabendo como a biodiversidade se distribui e varia com estas variáveis no passado, podemos, utilizando os modelos climáticos atuais, estimar como poderá ser afetada no futuro”, afiança.
Da equipa envolvida na investigação fizeram parte cientistas do Departamento do Mar e Recursos Marinhos do IPMA, do Centro de Estatística e Aplicações da Universidade Lisboa, do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo e do Institut de Ciències del Mar de Espanha.