Cientistas que alertaram para as alterações climáticas dizem que problema é muito maior que pensávamos



Em 1988, quando era director do Institute for Space Studies da NASA, James Hansen foi ao congresso norte-americano explicar o que eram as alterações climáticas. Nessa época, o planeta passava pelos seus cinco meses mais quentes desde que as temperaturas eram medidas, 130 anos antes. “É tempo de para de falar incessantemente e dizer que as provas são bastante fortes: o aquecimento global está cá”, referiu.

Vinte e oito anos depois, sabemos muito mais sobre a ciência das alterações climáticas, alerta o Grist. E James Hansen continua preocupado com o facto de muitos de nós não o estarmos. Preocupado, acrescente-se.

No Verão passado, Hansen foi co-autor de um estudo que sugere que o nível médio do mar pode subir três metros nos próximos 50 anos, o suficiente para tirar do mapa até as mais bem preparadas cidades costeiras. O estudo teve em conta provas arqueológicas do passado, observações actuais e modelos climáticos futuristas e chegou a uma conclusão assustadora: até um pequeno aquecimento global pode ter várias consequências. E quase  instantaneamente.

A versão final do estudo foi finalmente publicada por estes dias, no jornal Atmospheric Chemistry and Physics, e as conclusões são chocantes. Os autores destacam várias ameaças que, acreditam, pode acontecer já este século: aumento do nível médio do mar em vários metros, suspensão das maiores correntes circulatórias oceânicas e tempestades cada vez mais intensas.

Hansen e os seus colegas diz que estas consequências podem chegar mais rápido do que julgamos – antes mesmo, na verdade, do que os modelos climáticos do IPCC – o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas – irão prever.

Aumento do nível médio do ar

Hoje, as calotas polares Antárctida e Gronelândia contribuem para menos de um milímetro, por ano, para o aumento do nível dos mares. Cada uma contêm gelo, porém, para levar ao aumento do nível dos oceanos entre seis e 60 metros, respectivamente.

O estudo sugere que, uma vez que a perda de gelo está a aumentar por ano, devermos pensar neste dado como uma curva exponencial e não uma linha contínua. Assim, este número poderá duplicar por ano, ainda que seja completamente impossível previr a que intensidade ela irá acontecer.

Quando este facto for acrescentado à mudança das correntes oceânicas e tempestades cada vez mais violências, o que significa para o planeta e as pessoas que nele vivem? “Algo de muito mau, amigos”, conclui o Grist. “Poderá ser algo de realmente, verdadeiramente, muito mau; ou apenas algo de mau. De qualquer forma, diz Hansen, sabemos que é tempo de fazermos alguma coisa sobre isso”, revela o site. É preciso fazermos algo urgente, nas palavras de James Hansen.

Foto: Craig ONeal / Creative Commons





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