Cientistas revertem trissomia 21 em laboratório
Cientistas norte-americanos descobriram uma forma de reverter a trissomia 21 em ratos de laboratório recém-nascidos, injectando um composto experimental que faz com que o cérebro cresça normalmente.
O estudo foi publicado no Science Translational Medicine, mas não oferece vínculo directo a um tratamento em humanos, de acordo com a brasileira Exame. Ainda assim, os investigadores estão esperançosos de que, algum dia, ele possa oferecer um caminho para futuras descobertas.
Não há cura para a trissomia 21, que é provocada pela presença de um cromossoma excedente e que produz cópias extras de mais de 300 genes, causando problemas intelectuais e outros problemas.
A investigação foi realizada pela equipa da Universidade Johns Hopkins, que usou ratos de laboratório geneticamente modificados para ter cópias extras de cerca de metade dos genes encontrados no cromossoma humano 21, provocando condições similares à da síndrome de Down – entre elas, um cérebro menor e dificuldade em aprender como se mover no labirinto.
No dia em que os ratos nasceram, os cientistas injetaram neles uma pequena molécula, um composto concebido para estimular o crescimento normal do cérebro e do corpo através do gene denominado SHH. A segurança do composto para uso em humanos não foi testada.
Este gene dá instruções para produzir uma proteína denominada Sonic Hedgehog, que é essencial para o desenvolvimento.
Segundo Roger Reeves, da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, os testes foram um sucesso e o laboratório conseguiu “normalizar completamente o crescimento do cérebro até à idade adulta”.
A injecção também produziu benefícios inesperados na aprendizagem e memória, mas os investigadores admitiram que ajustar este tratamento para utilização em humanos será complicado, pois pode alterar o crescimento do cérebro e outras consequências indesejáveis, como provocar cancro. Ou seja, os testes serviram para “continuar o caminho de tentar perceber a complexidade de um cromossoma 21 extra em cada célula”.
“A trissomia 21 é muito complexa e ninguém pensa numa panaceia que normalize essa condição”, disse. “Será necessário adoptar abordagens múltiplas”, acrescentou. Citada pelos media ingleses, a Associação de Síndroma de Down daquele país reconheceu o “grande interesse” do estudo, mas reconhece que ele não servirá para ajudar as pessoas que, hoje, vivem com a doença.