Organizações dizem que bioeconomia é vital para salvar bioma “perigosamente perto do seu ponto de colapso”



Nos próximos dias 8 e 9 de agosto, o presidente brasileiro Lula da Silva receberá os líderes dos outros sete países que fazem parte do Tratado de Cooperação Amazónica (Bolívia, Colômbia, Guiana, Equador, Peru, Suriname e Venezuela) para a quarta Cimeira da Amazónia.

O objetivo do encontro é adotar, segundo o governo do Brasil, a chamada Declaração de Belém, que pretende definir “uma nova agenda comum de cooperação regional em favor do desenvolvimento sustentável da Amazônia”. Essa estratégia terá como pontos centrais “a proteção do bioma e da bacia hidrográfica, inclusão social, fomento de ciência, tecnologia e inovação, estímulo à economia local e valorização dos povos indígenas e comunidades locais e tradicionais e os seus conhecimentos ancestrais”.

Nas vésperas da cimeira dos países cobertos pela Amazónia, algumas organizações não-governamentais (ONG) alertam os governos que “não é possível” salvar esse bioma “sem colocar a bioeconomia no centro de um novo modelo de desenvolvimento regional para a região”.

Em comunicado, Rachel Biderman, responsável da Conservation International para as Américas, salienta que “a floresta amazónica está perigosamente perto do seu ponto de colapso” e que, “em algumas regiões, ela já de degradou”. Contudo, acredita que “ainda estamos a tempo de impedir a imensa perda de biodiversidade que isso acarretaria e promover as economias lideradas pelas comunidades, que são os atores principais de sua conservação”.

E a resposta, de acordo com Vanessa Pérez, diretora global de Economia do Instituto Mundial de Recursos (WRI), está na bioeconomia.

“A bioeconomia é a chave para desbloquear o potencial económico da região, preservando o seu património ecológico”, explica a responsável, argumentando que, por isso, “precisa de estar no centro de qualquer plano de desenvolvimento sustentável e inclusivo da Amazónia”.

Pérez afirma que “precisamos de preservar a Amazónia não só pelas consequências de uma eventual perda, mas também pelo que ela pode oferecer permanecendo viva”.

As ONG recordam que, no final de junho, um grupo de mais de 300 especialistas desenvolveram uma estratégia para a implementação e fortalecimento da bioeconomia da Amazónia, constituída por noves eixos de ação e por 31 recomendações. O documento foi entregue aos governos amazónicos e as organizações esperam que as suas conclusões sejam adotadas pelas delegações dos oito países durante a cimeira desta semana.

Entre os eixos estratégicos propostos, estão a promoção do “potencial económico” da Amazónia para proteger não apenas o bioma, mas também os meios de subsistência dos povos e comunidades locais; a proteção de pelo menos 80% da floresta, reconhecendo “a sua importância para a estabilidade climática global e suas contribuições vitais para o bem-estar das comunidades locais”; o reforço do combate a atividades ilegais e aos crimes contra a Natureza; a proteção dos territórios dos povos indígenas e das comunidades locais; e o fim de apoios públicos a atividades ambientalmente prejudiciais e a sua canalização para a revitalização de rios e para projetos sustentáveis.

As ONG esperam, assim, que a Declaração de Belém inclua a bioeconomia como um eixo central, uma vez que, como avisa Rachel Biderman, “a próxima década será crucial para a sobrevivência – ou não – da floresta e do modo de vida e cultura dos seus povos”.





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