Cinco euros por dia podem ajudar a travar a desflorestação e a perda de biodiversidade
Atribuir subsídios às pessoas que vivem em áreas mais vulneráveis para ajudarem a proteger a biodiversidade pode ser uma das medidas mais eficazes para travar a perda de espécies e ecossistemas. E o custo será menor do que os apoios financeiros dados às indústrias que estão a contribuir para a destruição do planeta.
A conclusão é de um estudo publicado este mês na ‘Nature Sustainability’, cujos autores defendem que por cerca de cinco euros diários por pessoa os governos podem ajudar a proteger ecossistemas frágeis e economicamente importantes, além de contribuírem para os esforços globais de conservação da Natureza.
Os investigadores defendem, por isso, a criação de um Rendimento Básico Incondicional para Conservação, sobretudo nos países mais pobres. Nas suas contas, a implementação dessa medida custaria cerca de 430 mil milhões de euros por ano, um valor que contrapõem aos aproximadamente 460 que são anualmente entregues, na forma de subsídios governamentais, à indústria dos combustíveis fósseis e “outras indústrias que prejudicam o ambiente”.
O argumento é que, com esse rendimento adicional, será possível reduzir as perdas de biodiversidade ao reduzir-se a desflorestação de áreas de grande importância para espécies de animais e de plantas, uma atividade que muitas comunidades locais praticam como fonte de subsistência.
Além dessa taxa fixa, os investigadores propõem, em alternativa, a alocação de 25% do PIB per capita para financiar a proteção da biodiversidade, ou, ainda, um sistema de montantes variáveis consoante os níveis de rendimento das populações.
“Responder às crises climática e da biodiversidade exigirá ações ambiciosas para transformar as nossas economias e sociedades”, afirma Emiel de Lange, da Universidade de Edimburgo, e um dos principais autores do artigo.
O investigador acredita que este rendimento incondicional para a conservação “é uma proposta promissora para apoiar os povos indígenas e comunidades locais que protegem a biodiversidade e os solos do mundo, e aplacar as desigualdades globais”.
Reconhecendo, ainda assim, que se trata de um “investimento potencialmente sensível”, de Lange avança que o próximo passo será testar esse esquema “em parceria com as comunidades indígenas”.