Códigos QR comestíveis tentam revolucionar a transparência na restauração



Os códigos QR comestíveis têm vindo a ser usados por vários restaurantes no Reino Unido e nos Estados Unidos. Em 2012, o Moshi Moshi, fundado por Caroline Bennett, foi o primeiro a disponibilizar sushi com QR, em parceria com o Marine Stewardship Council, organização de controlo dos frutos do mar. Para comemorar o seu 10.000º prato certificado, o restaurante aceitou o desafio de contar a história do seu peixe em formato digital.

O código QR foi impresso em papel de arroz e nori (alga comestível), recorrendo a tinta de lula. Este foi, então, colocado na parte superior do peixe. Quando um cliente o digitalizava com um smartphone, era encaminhado para um site explicativo do local onde o peixe foi obtido. A tecnologia é sem dúvida impressionante, mas o impacto a longo prazo na sustentabilidade e no comportamento dos consumidores é questionável – e o mesmo acontece se outros restaurantes aderirem à tecnologia.

Se as cadeias de fast food e outros restaurantes multinacionais adoptarem esta tendência, podem deixar em aberto um escrutínio indesejável. “A história QR precisa de estar ligada a um juízo independente do valor da sua sustentabilidade, de outra forma os restaurantes podem ser culpados por enganar os consumidores”, defende Bennett. “Se as histórias por detrás dos códigos forem conhecidas por ser reais, talvez mais pessoas sejam encorajadas a aprender mais sobre a sua comida.”

Outros chefes perceberam que, após a introdução de códigos nos seus pratos, os restaurantes começaram a receber um número de reservas recorde. Segundo o Guardian, a razão deve-se ao facto de os clientes terem agora mais confiança no conteúdo das suas refeições.

No entanto, existe uma falha no uso dos códigos comestíveis. Bennett descobriu que a maioria dos seus clientes não processa o código, porque simplesmente não tem uma app QR no seu smartphone.

Este facto não surpreende Fabio Ceschel, designer gráfico que desenvolveu previamente um código QR comestível como parte do rebranding de um cliente. “As pessoas gostam de informação em formato digital, porque é rápida e fácil de consumir”, defende ele. “Mas as pessoas também gostam de recompensas. Se digitalizam um código e não têm nenhum incentivo, então isso reduz as hipóteses de o voltarem a fazer no futuro.”

Desta forma, para os códigos conseguirem revolucionar a transparência das cadeias de abastecimento alimentar, será necessária uma maior acção na altura em que o cliente digitalizar o alimento. Se o consumidor sai do restaurante sem se sentir motivado a questionar a sustentabilidade e a fonte das próximas refeições que comprar, então a tecnologia simplesmente não teve o impacto desejado.





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