Com novo orçamento bilionário, Defesa dos EUA emitirá mais gases com efeito de estufa do que a Etiópia

O aumento de 17% do orçamento do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (EUA) para 2026, que chega ao bilião de dólares, fará subir as emissões de carbono dessa área de governo em 26 megatoneladas.
A estimativa é avançada pelo Climate & Community Institute, um grupo de reflexão norte-americano, que prevê que o reforço da despesa com a Defesa, liderado pelo Presidente Donald Trump, resultará num total de emissões de gases com efeito de estufa de 178 megatoneladas, face às 152 megatoneladas de 2023.
Segundo os analistas, tal faz com que as Forças Armadas norte-americanas, e o complexo industrial-militar associado, sejam o 38.º maior emissor do mundo, se, no seu conjunto, fossem um país. Emitindo 178 megatoneladas de substâncias que contribuem para o agravamento do aquecimento global e, dessa forma, para a crise climática, o Departamento da Defesa dos EUA lançará na atmosfera tantos gases com efeito de estufa quanto países como a Croácia e o Líbano, e mais do que a Etiópia, com uma população com mais de 135 milhões de habitantes.
Com o reforço orçamental, as emissões da Defesa norte-americana serão, por exemplo, cerca de três vezes superiores às emissões de Portugal em 2022 (56,3 megatoneladas de dióxido de carbono equivalente).
O estudo calcula também que os impactos climáticos desse aumento das emissões resultarão em danos económicos da ordem dos 47 mil milhões de dólares a nível global.
O Climate & Community Institute reconhece que as reais emissões da Defesa norte-americana podem vir a ultrapassar as estimativas que apresenta, uma vez que os seus cálculos não contemplam financiamentos adicionais que possam ser recebidos, “por exemplo para equipamento militar enviado para Israel e para a Ucrânia”, informa em comunicado.
Os analistas dizem que a única forma de reduzir os impactos climáticos da Defesa norte-americana é cortando no orçamento setorial e que o aumento de 150 mil milhões de dólares deveria ser canalizado para aumentar a resiliência climática das populações e impulsionar a descarbonização.