Combustíveis fósseis não podem ser substituídos por energias renováveis



O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Haitam al Ghais, afirmou ontem que os combustíveis fósseis não poderão ser substituídos pelas energias renováveis e que estas fontes de energia não existem “para competir” entre si.

Falando no Dubai durante um painel na Cimeira Mundial de Governos (WGS, da sigla em inglês), Haitam al Ghais também previu um aumento da procura de petróleo bruto que exigirá investimentos multimilionários nos próximos 20 anos.

O secretário-geral da OPEP classificou como “incorretas, erradas e não construtivas as informações e exigências de substituição do petróleo por energias renováveis”, assim como as que apontam que “as energias renováveis estão aqui para competir com o petróleo”.

“Não vejo uma contradição, mas sim um equilíbrio” entre as energias fósseis e as energias renováveis, disse Ghais no fórum de autoridades políticas e económicas mundiais, que começou na segunda-feira no Dubai, recordando que “o petróleo existe em todos os aspetos da vida” e que “tudo no dia a dia é derivado do petróleo”.

“Na OPEP acreditamos que tudo o que está relacionado com a energia vai continuar a ser necessário. Uma fonte de energia não substituirá a outra, especialmente o petróleo, que representa atualmente mais de 30% do cabaz energético global”, afirmou.

“Trata-se de uma percentagem significativa e, se acrescentarmos o gás, estamos a falar de 60% (…) e esses 60% de petróleo e gás continuarão a ser uma componente importante do cabaz energético que seguirá a crescer nos próximos anos”, sublinhou.

Embora admitindo que não tem uma “bola de cristal” para prever o futuro, o responsável máximo da OPEP enfatizou que as estimativas da organização “baseiam-se em dados e análises” do mercado, tendo o volume da procura até 2045 sido calculado em 116 milhões de barris por dia (MBD).

“Na nossa perspetiva de longo prazo, vemos um aumento da procura para 116 milhões de barris por dia até 2045 e isso requer um investimento significativo na indústria petrolífera”, considerou.

Neste contexto, Ghais defendeu os investimentos dos membros da organização para desenvolver a respetiva capacidade de produção e “garantir a segurança energética”, reduzindo simultaneamente as emissões.

“Não há contradição entre o desenvolvimento dos recursos naturais e a luta contra as alterações climáticas”, sustentou, sublinhando que “muitos membros da OPEP”, incluindo empresas petrolíferas mundiais, como a saudita ARAMCO e a ADNOC, dos Emirados Árabes Unidos, “assinaram a Carta de Descarbonização” acordada em novembro passado na COP28, no Dubai.

“É um sinal claro da sua intenção e dos seus planos para abordar a transição energética”, afirmou Ghais, sublinhando que a OPEP “acredita na liberdade de cada país para ter o seu próprio plano de transição de acordo com as suas circunstâncias nacionais”.

Insistindo que “o petróleo continua a ser uma pedra angular para o desenvolvimento e do progresso económico e social”, o responsável apelou para que “se aborde a transição energética com pragmatismo e realismo, tendo em conta que 30% do cabaz energético” é um volume “enorme” e “não é fácil substituí-lo de um dia para o outro”.





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