Como a comunidade ciclista ajudou a salvar um emprego em Dublin, Irlanda



Há dias, Ciarán Fallon, o único responsável pelo desenvolvimento de estratégias de promoção da utilização de bicicleta de toda a Irlanda, foi informado de que o seu contrato não seria renovado, por razões financeiras.

A notícia apanhou a sociedade irlandesa – e sobretudo de Dublin – de surpresa e foi rapidamente criticada. Apesar de o clima económico irlandês não ser muito melhor que o português, a comunidade ciclista uniu-se para denunciar este despedimento sem sentido e começou a fazer lobbying para que a medida fosse invertida.

Para além de chamar a comunicação social irlandesa para a discussão, colocar petições no Facebook e fazer ver os seus pontos de interesse aos responsáveis políticos, a comunidade ciclista fez valer os seus argumentos. E estes são poderosos. Dublin tem hoje mais cidadãos a pedalar que a viajar no metro ligeiro, o Luas, que custou €3.000 milhões e onde serão investidos, a curto prazo, mais €300 milhões.

“Munique, na Alemanha, tem 40 pessoas a pensar a estratégia de utilização de bicicleta. Gent, na Bélgica, com 300 mil pessoas, tem 19 a 20 pessoas a pensar nos modos suaves. Dublin tem apenas uma pessoa e ela vai-se embora. É um grande retrocesso”, argumentou Damien O’Tuama, da campanha pela utilização da bicicleta em Dublin.

“Ter um responsável pelo ciclismo urbano, em Dublin, é ter uma visão para a cidade, ter um responsável por essa visão e lutar por ela. Com tantos interesses em competição na cidade, como nos podemos dar a luxo de não ter, pelo menos, uma pessoa a zelar pelos interesses dos modos suaves”, questionou Eoghan Murphy, responsável pelo partido Fine Geal.

“Temos de ter uma pessoa que diga: ‘Estamos a pensar nos ciclistas quando desenhamos esta praça, esta ponte ou esta estrada?”, continuou Murphy.

Fallon, que é membro da direcção de Irish Manual for Streets, uma iniciativa conjunta entre os ministérios dos Transportes e Ambiente, foi também um dos principais responsáveis pela publicação, já em 2011, do Irish Cycling Design Manual, que estabeleceu novas normas e regulamentos para a área.

Ontem, chegou finalmente a (semi) boa notícia. O próprio ministro do Ambiente irlandês, Phil Hogan, pediu ao município de Dublin para renovar, por mais seis meses, o contrato de Fallon. Parece uma solução de curto prazo, mas permite a este especialista passar o Natal mais descansado. Pelo menos até Junho, os utilizadores de bicicletas de Dublin sabem que têm alguém que zela pelos seus interesses.





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