Como a Ilha do Príncipe poderá ser um resort de turismo sustentável
Em Maio de 2013, a Ilha do Príncipe recebeu o diploma de Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO, numa cerimónia oficial que ocorreu no Centro Cultural de Príncipe.
O dossier de candidatura foi entregue à UNESCO, em Agosto de 2011, enquadrado no Programa MAB, como resultado da iniciativa do Governo Regional do Príncipe. Para a sua realização, o trabalho de recolha da informação consistiu na procura de dados, publicados ou não, sobre o ecossistema da ilha. Foi ainda realizado trabalho de campo por especialistas de várias áreas.
Numa segunda fase, foi produzida cartografia e realizada uma colecção fotográfica da fauna, flora, herança, história e experiências socioculturais locais, de forma a enriquecer o dossier de participação.
Na página de facebook da Ilha do Príncipe são apresentadas várias notícias relativas à mesma. Esta rede pretende constituir uma via de maior consciencialização da população e das autoridades face à conservação das riquezas naturais e da diversidade que caracterizam a ilha.
Um dos responsáveis pelo desenvolvimento sustentável da Ilha do Príncipe é Mark Shuttleworth, formado em tecnologia, finanças e informação pela Cidade do Cabo e fundador da HBD (Here Be Dragons), sociedade de investimento, e da Fundação Shuttleworth, financiadora de projectos de inovação.
Modelo de desenvolvimento sustentável
A primeira foi criada aquando de uma viagem à Ilha do Príncipe. Pretende fazer desta um modelo de desenvolvimento sustentável e duradouro, fundado no ecoturismo e na agricultura integrada na floresta, e onde a preservação natural e da biodiversidade coexiste com o desenvolvimento social e económico.
Para tal, a HBD tem cinco pilares estruturantes: proteger a biodiversidade local, celebrar a cultura e a história, apoiar actividades culturais e desportivas, criar espaço para o pioneirismo e desenvolvimento de conhecimento científico e, por fim, criar espaços de trabalho de forma a desenvolver a economia e a sociedade.
Tendo estes objectivos em mente, a HBD prevê reflorestar para proteger espécies em extinção, recuperar o património arquitectónico e histórico, organizar e produzir eventos desportivos e culturais, criar um centro de investigação internacional e qualificar mão-de-obra local que se dedique ao turismo e à agricultura.
As áreas de actuação da empresa são a roça Paciência, a tornar num resort eco fun de quatro estrelas; A Praia Macaco, Boi e Uba, com um resort deluxe de cinco estrelas, integrado na natureza e dedicado à arte africana; a Roça Sundy, onde se desenvolverão cinco complexos turísticos; o Ilhéu do Bom Bom, actualmente, o único resort; e o Omali Lodge, que hoje possui uma boutique hotel, a ser alvo de melhorias.
Há ainda Santo António, capital e cidade mais pequena do mundo, onde a HBD adquiriu várias propriedades a renovar e recuperar segundo a arquitectura colonial e cores vivas, características da cidade.
O aeroporto e estradas, para facilitar o acesso fácil e o movimento interno, considerando o futuro desenvolvimento turístico e agrícola da ilha.
Todos os resorts a desenvolver são ecológicos e integram as estruturas no ambiente. Alguns deles procuram ainda aproximar os visitantes à produção de produtos locais, como o cacau, a baunilha, o café e a pimenta, característicos da Ilha do Príncipe.
A HBD já conquistou a confiança dos locais e prevê um investimento de €70 milhões (R$ 210 milhões), concluindo-se o projecto dentro de 12 a 15 anos. Pretende-se, assim, que a ilha se torne num espaço turístico singular e sustentável, quer em termos ambientais, quer sociais e económicos. É preciso, porém, muita atenção para não transformar um património de biodiversidade em mais um centro turístico de massas.
Foto: Francisco Nogueira.