Por onde andam os organismos gelatinosos em Portugal?
O GelAvista, programa do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) que monitoriza os organismos gelatinosos em todo o país, realizou nos dias 11 e 12 de outubro o 6º Encontro GelAvista em formato híbrido.
No primeiro dia, foram apresentados os resultados sobre os avistamentos ocorridos no último ano de 2021. Para a obtenção destes resultados é essencial a participação dos cidadãos observadores, que colaboram com a equipa através da App GelAvista, onde efetuam os registos das ocorrências. Até ao momento, a equipa reuniu mais de 160 mil organismos observados e 1627 participantes.
O ponto de situação foi esclarecido pela investigadora Rita Pires, que esclareceu desde início que a espécie de cnidário mais avistada foi a Caravela-portuguesa (Physalia physalis) no Continente (45%) e nas Ilhas dos Açores (47%) e da Madeira (83%).
De uma forma generalizada, além da Caravela-portuguesa, foram ainda avistadas em Portugal Continental na sua maioria a Medusa-tambor (Rhizostoma luteum) (20%), a Veleiro (Velella velella) (13%) e a Medusa-do-tejo (Catostylus tagi) (12%). Na região Norte do país, onde a investigadora se focou, foram avistados em 47% Caravela-portuguesa, 25% Veleiro, 18% Medusa-do-tejo e 8% Medura-tambor.
Na Região Autónoma dos Açores, observa-se em grande parte também a Água-viva (Pelagia noctiluca) (32%), e a Veleiro (19%). Quanto à Região Autónoma da Madeira, destaca-se ainda a Água-viva (7%), a Veleiro e a Salpa .
A Caravela-portuguesa teve uma maior ocorrência no início do ano, no mês de janeiro, ao contrário dos anteriores, em que este pico se deu nos meses de primavera e verão.
A Medusa-do-tejo só ocorre em Portugal Continental e este ano encontra-se um pouco desaparecida. A sua ocorrência é por norma nos meses de verão e outono, e costuma desaparecer na época da primavera, no entanto, este ano a equipa ainda vai esperar para observar a ocorrência nos próximos meses.
Com a Medusa-tambor, tal como as espécies já mencionadas, o padrão de avistamentos também está diferente. O pico de avistamentos deu-se no final do último ano de 2020 e nos últimos meses de julho e agosto, e nesta época eram esperados mais mas é necessário esperar para compreender se existe ou não uma diferença notória nos próximos meses.
Em relação à Veleiro, observou-se uma redução da abundância comparativamente aos anos anteriores, tendo sido avistada em maior parte nos Açores nos primeiros meses do ano e no Continente no mês de maio. A situação de poucos avistamentos repete-se com as espécies Medusa-compasso (Chrysoara hysosecella) e Medusa-ovo-estrelado (Phacellophora camtschatica), que têm sido pouco avistadas em águas portuguesas.
Quanto à ocorrência da Água-viva, dá-se por norma nos meses de verão, e em 2021 registou um grande pico de presença nos Açores.
Por fim, a Medusa-da-lua (Aurelia aurita) é uma espécie raramente avistada pelos observadores, mas tem sido observada nos Açores, na Madeira e no Continente.