Como as casas de banho são cruciais para termos crianças mais inteligentes



Siev Phalla e a sua família são totalmente dependentes dos terrenos em volta da sua casa, no Cambodja, onde cultivam arroz e legumes para comer e vender. Também usam essa área como casa de banho ao ar livre, uma prática que é comum no país e que contribui para as altas taxas de desnutrição e crescimento lento que atingem milhões de crianças.

Quando Phalla, de 47 anos, o seu marido ou algum dos seus sete filhos precisam de ir à casa de banho, têm de escolher um local adequado nas suas terras na província rural de Pursat, escavar um buraco, fazer o que têm a fazer e cobri-lo a seguir.

Durante anos, as ONGs no país têm tentado convencer 66% dos habitantes rurais que continuam a defecar ao ar livre que as casas de banho são um bom investimento. Mas o seu trabalho ganhou recentemente uma maior importância enquanto parte integrante dos esforços mais amplos para elevar a saúde e a inteligência das crianças cambojanas, revela o Good.

Na Índia, Dean Spears, da Princeton University, publicou alguns resultados interessantes que dão conta de uma forte relação entre as práticas de saneamento e os níveis de desnutrição entre as populações que defecam ao ar livre. A respeito da ligação entre o saneamento e o nanismo, Spears defende mesmo que “a defecação ao ar livre é uma prioridade política de primeira ordem”.

Quando as pessoas defecam ao ar livre, as partículas dos dejectos encontram caminho nas fontes de água – para além de serem espalhadas por várias zonas enquanto alimento das moscas e de entrarem nas casas por via de pessoas ou animais. A exposição a estes germes fecais, ao longo do tempo, origina doenças intestinais causadoras de pequenos buracos no aparelho digestivo das crianças – como resultado, grande parte dos alimentos no corpo é perdida e o organismo não os consegue transformar em energia.

A verdade é que, instituindo saneamento básico, as crianças podem crescer mais facilmente em altura mas também em desenvolvimento cognitivo. Isto porque a mesma saúde dos primeiros anos de vida que as ajuda a crescer em tamanho também ajuda o cérebro a desenvolver-se.

Mesmo com a ciência a revelar a importância do saneamento, convencer a população a adoptá-lo é um desafio permanente. No Camboja, as ONGs continuam a trabalhar na sensibilização para esta realidade. Contudo, ao governo também tem de caber parte da consciencialização da relação do saneamento com a saúda na primeira infância, principalmente na hora de estipular as iniciativas de desenvolvimento rural às quais se devem dar prioridade.





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