Como deverá estar a Segunda Circular dentro de um ano? (com FOTOS)



Árvores à esquerda e direita, um separador com 3,5 metros de largura em toda a extensão da via– e arborizado – e um limite de velocidade de circulação que não ultrapassará os 60 km/h. É muito provável que, dentro de um ano, seja assim que estará a Segunda Circular, via que atravessa Lisboa e liga milhares de pessoas por dia ao aeroporto e auto-estradas suburbanas.

A consulta público do projecto da CML (Câmara Municipal de Lisboa) decorre até dia 15 de Janeiro, avança hoje o Diário de Notícias, e vai recolher contributos de todos os cidadãos sobre como transformar aquela via rápida – há vários anos com velocidade máxima de 80 km/h – numa avenida urbana tomada de assalto pelo verde.

A intervenção visa também aumentar a segurança, a fluidez e a qualidade ambiental da via, ainda que tanto a Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) como o Automóvel Club de Portugal (ACP) antecipam mais trânsito na cidade com esta decisão.

Manuel João Ramos, presidente da ACA-M, reconhece que a CML herdou uma estrada “com imensos problemas de origem”, mas defende que a solução deveria passar por mudanças de perfil. “[Esta proposta] vai causar engarrafamentos monumentais, tem um tráfego pesadíssimo. Se calhar era mais urgente resolver o problema do traçado”, sublinha.

Antes de tratar daquela via rápida, defende o responsável, deveria ser “prioritário devolver o perfil urbano” às avenidas de Berna e de Forças Armadas, que, frisa, sofrerão o efeito de eventuais alterações na Segunda Circular.

Igualmente crítico é o presidente do ACP, entidade que está a preparar um parecer para entregar ainda durante a consulta pública. “Não tem qualquer espécie de sentido: aquilo não é propriamente um passeio, um sítio para passear”, afirma Carlos Barbosa.

O essencial das mudanças de trânsito

De acordo com a proposta disponível no site da autarquia, a Segunda Circular deverá ser repavimentada em toda a sua extensão, numa intervenção que permitirá diminuir em 50% o ruído provocado pela circulação dos automóveis. Simultaneamente, o seu sistema de drenagem será reabilitado, a sua sinalização será renovada para se tornar “mais visível e compreensível” e a sua iluminação será substituída por uma “solução mais eficiente” que permitirá reduzir o consumo de energia em 60%.

Estão previstas alterações em três nós considerados críticos: junto ao Estádio da Luz, onde é eliminado o acesso da Avenida Condes de Carnide; no Campo Grande, onde, para compensar a eliminação do acesso da Segunda Circular à Avenida Padre Cruz, será antecipado o movimento de saída junto ao Colégio de Santa Doroteia; e perto da Azinhaga das Galhardas, cujo acesso será eliminado mas apenas após a reformulação da ligação da Avenida Lusíada ao eixo Norte-Sul.

“A conclusão do eixo Norte-Sul, em 2007, e mais tarde da CRIL, em 2011, vieram potenciar a transferência do tráfego que hoje circula na Segunda Circular para estas vias do sistema regional com características de autoestrada, permitindo, agora, alterar a função e as características da Segunda Circular para um grande eixo distribuidor de tráfego interno à cidade com carácter mais urbano”, justifica, na apresentação do projecto, o município.

Depois de terminar a consulta pública, o projecto volta a reunião do executivo municipal. As obras deverão durar 11 meses, não havendo ainda uma data definida para o início dos trabalhos.

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