Como é que os morcegos conseguem hospedar um vírus e não ficarem doentes?



Os morcegos já foram identificados várias vezes como potenciais transmissores de vírus para os seres humanos. É o caso da atual Covid-19, e dos vírus Hendra e Marburg, onde a transmissão já foi confirmada. Mas “como é que os morcegos conseguem hospedar um vírus e não ficarem doentes?”, é a pergunta que muitos fazem.

Um novo estudo da Duke-NUS Medical School, publicado na Nature, indica que estes mamíferos voadores desenvolveram ao longo de 64 milhões de anos um sistema de defesa que os permite hospedar o vírus e ao mesmo tempo não apresentar quaisquer sintomas. Os morcegos têm um tolerância imunológica que combate os vírus, e uma baixa taxa de tumorigénese, o que faz com que sejam o mamífero que mais abriga patógenos zoonóticos.

Os cientistas explicam que “o que torna os morcegos especiais pode não ser sua capacidade antiviral, mas sim seus recursos anti-doença”, ou seja, o equilíbrio que existe na forma como o sistema do animal reage ao vírus. Algumas mudanças específicas “na expressão, cinética, indução ou funções dos genes antivirais na sinalização de IFN [Interferão] podem ajudar os morcegos a controlar com eficiência os numerosos vírus que hospedam”.

Como referem no artigo, estas investigações são essenciais para se compreender melhor a evolução dos vírus e encontrar maneiras de prevenir e controlar a sua disseminação, de forma a salvaguardar a saúde humana.

O risco de pandemias como a Covid-19 já tem sido previsto ao longo dos anos, como se pode observar nos Global Risks Reports do World Economic Forum. Os especialistas indicam a crescente urbanização, o comércio ilegal das espécies e a desflorestação como as principais causas para o aumento destes vírus nos humanos.





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