Como Gale Anne Hurd transformou The Walking Dead numa das produções mais sustentáveis da TV



A produção da série The Walking Dead, cuja sexta temporada hoje recomeça na Fox, utiliza a app Doodle para enviar os guiões e textos para os telemóveis e tablets dos actores, uma pequena contribuição para tornar a série mais sustentável, na opinião de Gale Anne Hurd, CEO da Valhalla Entertainment e produtora-executiva da série.

“Não imagino quanto conseguimos poupar [em papel ao longo do ano]. E é muito mais fácil para os actores e para [mantermos] a segurança [dos guiões]. As pessoas são menos propensas a deixarem os smartphones ou tablets em locais públicos”, explicou Hurd à Forbes.

A produtora norte-americana, aliás, é considerada uma das maiores activistas ambientais da indústria de Hollywood, tendo estado envolvida num dos filmes mais sustentáveis de todos os tempos, O Incrível Hulk. “Na Califórnia, muitos já reciclam em casa há muitos anos. Eu, por exemplo. Mas no nosso local de trabalho, pelo menos há 15 anos, era uma prática muito pouco comum. Achei que isso não fazia sentido. Passamos demasiado tempo no escritório e podemos criar ainda mais resíduos”, explicou Hurd, responsável por campanhas ambientais como a Heal the Bay, em Santa Mónica, e Reef Check.

Gale Anne Hurd explica que, quando estava a filmar Aeon Flux, na Alemanha, descobriu a “inacreditável [estratégia de] reciclagem doméstica” daquele país. “Eles separam tudo. Todos pensam no ambiente”, revelou. De regresso às filmagens, a norte-americana descobriu que não havia estratégia de reciclagem. Então, pediu a todos os PA (assistentes de produção) para separarem o lixo e levarem-no para os centros de reciclagem.

De volta aos Estados Unidos, ela começou a obrigar os estúdios de Hollywood a garantirem a sustentabilidade dos projectos. Antes do início das filmagens d’O Incrível Hulk, Hurd pediu à Universal – o estúdio que ajudou a Marvel a produzir o filme – para minimizar os custos e dificuldade de um projecto cinematográfico ecológico. “O Edward Norton é um activista ambiental… acho que sem a ajuda de todos, desde o topo até mais abaixo na hierarquia, nunca teríamos conseguido fazê-lo”, continuou.

Depois de uma reunião com Louis Letterier, o realizador, Edward Norton, William Hurt, Tim Roth e todos os responsáveis por cada departamento, ficaram concertadas as primeiras abordagens à sustentabilidade do filme. Foi contratado um consultor em sustentabilidade e desenvolvida uma parceria com a EMA (Environmental Media Association).

“Se tivermos veículos elétricos ou híbridos, vamos pagar menos em combustíveis. Se tivermos lâmpadas compactas fluorescentes, poupamos electricidade. Se até reciclarmos as nossas próprias cadeiras, vamos poupar dinheiro. Não temos de comprar mais madeira, por exemplo”, explicou Hurd.

De acordo com a responsável, a maioria dos estúdios de Hollywood já desenvolve iniciativas sustentáveis, com a Fox, Sony e Universal à cabeça. “Eles reciclam, estão interessados em combustíveis alternativos. Acho que tudo isto é importante, mas [esta viragem] tem de ser apoiada pelos produtores e a produção. Tem de ser um esforço colectivo”, admitiu.

Quando está em gravações, Gale Anne Hurd utiliza uma garrafa de água reutilizável, para poupar plástico. Segundo a responsável, a grande quantidade de plástico que é utilizada por toda a equipa de produção é um dos grandes problemas ecológicos da indústria. “Todos querem uma garrafa de água nova. Eu tenho uma garrafa de aço EcoUsable e faço questão de oferecer várias à minha equipa antes de começarmos a produção. Também temos estações de água à disposição, para obrigar as pessoas a utilizá-las”, concluiu.

Foto: Casey Florig / Creative Commons





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