Como Kofi Annan e os cientistas agrícolas querem levar a revolução verde para África



Aos 73 anos, o ex-secretário-geral das Nações Unidas, o ganês Kofi Annan, tem entre mãos aquele que será, provavelmente, o seu maior desafio de sempre: levar a revolução verde – agrícola – para o continente africano.

Annan lidera a Alliance for Green Revolution in África (Agra), uma iniciativa com projectos em mais de 15 países e que tem como objectivo recentrar o papel dos pequenos produtores agrícolas nos desafios sociais e económicos do continente africano.

Annan admite que a agricultura africana tem três grandes desafios e um objectivo principal. Os desafios passam por levar os pequenos agricultores a abandonarem as tradições ancestrais e investirem em sementes híbridas e novos fertilizantes; ajudar os Governo a relaxar o seu controlo sobre as sementes e abrirem as portas ao sector privado; e aumentar a segurança alimentar sem esquecer as alterações climáticas.

O grande objectivo? Imitar a revolução verde asiática, que nos anos 70 multiplicou as culturas através da introdução de novos tipos de sementes e de fertilizantes.

Para ajudar a missão da Acra, Annan pediu aos chamados cientistas agrícolas para ajudarem os agricultores nesta transição. São homens como Arnold Mushongri, um tanzaniano de 40 anos, que estão a tentar convencer os pequenos agricultores que devem procurara novas sementes e a atenção dos mercados.

Segundo Annan, só esta revolução agrária poderá resolver o cada vez mais crítico problema de segurança alimentar de África. O diplomata ganês, que dedicou praticamente todo o seu tempo pós-Nações Unidas a esta causa, sabe que só a África subsariana gastou, em 2011, perto de €115 mil milhões (R$ 270 mil milhões) na importação de alimentos básicos.

Um dos outros objectivos da Acra é duplicar o rendimento de 20 milhões de pequenos agricultores africanos até 2020. Mas, para que esse objectivo seja possível, há um longo caminho a trilhar o mais rapidamente possível.

“A produtividade agrícola na África subsariana é, em média, um quarto da de outras regiões em desenvolvimento e pouco mudou nos últimos 30 anos. E, ainda assim, a África já se alimentou e já exportou alimentos. E pode voltar a fazê-lo”, explicou Annan ao Financial Times.

Reconhecendo que as sementes são o principal problema da fraca produtividade agrícola africana – um problema de falta de conhecimento científico – Annan espera agora que os chamados cientistas agrícolas ajudem na transição deste complexo processo.

Estão a ser introduzidas variedades altamente produtivas, resistentes a pestes e que se dão bem com os períodos de seca. E o mercado será liberalizado. Só assim, acredita o Prémio Nobel, o continente africano atingirá a auto-suficiência alimentar.





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