Como o Google e Facebook estão a provocar o pânico na indústria dos serviços financeiros



Não satisfeito em ser a maior rede social do planeta, o Facebook entrará em breve no segmento financeiro e está a trabalhar a todo o vapor para lançar nas próximas semanas um ramo de serviços financeiros, sob a forma de remessas e dinheiro electrónico. Para que o serviço comece a funcionar na Europa falta apenas a aprovação do Banco Central da Irlanda. Quando o aval for dado, os utilizadores europeus da rede social de Zuckerberg vão poder guardar dinheiro no Facebook e utilizá-lo para pagamentos e trocas cambiais e comerciais.

A entrada do Facebook num mundo até agora dominado pelas gestoras de fundos e bancos de investimento veio lançar o pânico neste sector, já que a entrada da rede social pode ser apenas o início da expansão de outras gigantes tecnológicas para o meio. Num evento organizado pelo Financial Times (FT), uma executiva de topo do ramo financeiro afirmou que o seu maior receio era a entrada da Google na gestão de activos. “Isso iria completamente retirar-nos do terreno de jogo”, afirmou, refere o jornal britânico.

Já em 2009, a Google lançou a Google Wallet, um sistema de pagamentos móveis que permitem aos utilizadores armazenar cartões de crédito, débito e outro tipo de cartões numa aplicação. Em Janeiro deste ano, numa reunião de apresentação de resultados, o CEO da Apple, Tim Cook, sugeriu a possível entrada da tecnológica para os serviços financeiros, ao afirmar estava “intrigado” pela indústria dos pagamentos móveis.

Nick Finegold, co-presidente do Banco Espírito Santo Investimento, acredita que é apenas uma questão de tempo até que os grandes grupos que até agora apenas operavam no domínio da internet se expandam para a gestão de activos. “É virtualmente para mim impossível pensar numa indústria [a financeira] que seja mais vulnerável ao império Google”, afirmou o gestor ao FT. “A indústria de gestão de activos é, numa forma, terrível e é perfeita para a disrupção. Existem dados suficientes no Visa e Google para ameaçarem qualquer negócio que tenha actividades de mercado. Esperemos que o Google não compre a BlackRock”, indica Finegold.

Na China, muitas tecnológicas iniciaram já a sua expansão para o mundo dos serviços financeiros. A Alibaba, a maior empresa de comércio electrónico chinesa, lançou no último ano um fundo que angariou €47 mil milhões nos primeiros 12 meses de actividade. A Tencent, a quarta maior empresa tecnológica do mundo, que opera a partir da China, lançou também um fundo que é gerido pela China AMC, uma das maiores gestoras chinesas, em Janeiro. Nos primeiros 40 dias de actividade, o fundo angariou €5,8 mil milhões.

Existe, porém, a esperança das empresas financeiras que as tecnológicas tenham de lutar para ganhar a confiança os investidores institucionais e do retalho, devido a questões de privacidade. Mas esta confiança, há muito ganha pelas empresas financeiras, pode não ser suficiente para lidar por a concorrência de outros sectores. Num recente estudo, a consultora financeira PricewaterhouseCoopers indica que a incapacidade do mundo financeiro em acompanhar os desafios tecnológicos vai criar oportunidades para grupos como a Apple, Twitter e Amazon.

Foto:  Carlos Luna / Creative Commons





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