Como produzir alimentos biológicos em meio urbano?



Ao longo da cinzenta auto-estrada que rodeia o Aeroporto Internacional de Miami, nos Estados Unidos, é possível encontrar filas de armazéns, instalações industriais e uma pequena mancha verde. Esta última é a Miami GROW (Green Railroad Organic Workshop), uma quinta urbana de três hectares que produz uma série de vegetais e ervas.

A Miami GROW nasceu em 2008, quando Thi Squire decidiu mudar de vida. “Eu queria estar envolvida num estilo de vida mais verde – literalmente”, diz ela. “Eu tenho filhos. Comecei a ler mais acerca da produção de alimentos e produtos químicos. Os amigos da escola dos meus filhos tinham excesso de peso e comecei a pensar como poderia fazer uma mudança na minha comunidade”, explicou a responsável ao Huffington Post.

A quinta escolhida, na altura um local ao abandono cheio de detritos, não era a solução mais óbvia, rodeada de armazéns e limitada por uma auto-estrada. Apesar de as pessoas não acreditarem que seria possível fazer crescer ali alimentos, a Miami GROW tornou-o possível.

Primeiro, porém, a quinta teve de enfrentar as condicionantes ambientais e de localização. A Miami GROW produz de forma biológica – a agricultura da forma tradicional seria impossível ali, com os produtos químicos industriais dos armazéns circundantes a comprometerem a qualidade do solo.

Mas o que a maioria veria como limitador, a GROW viu como libertador – a equipa composta por 10 elementos produz os alimentos em vasos e canteiros. Se uma determinada cultura não se está a desenvolver, mudam-na para outro sítio da propriedade, oferecendo-lhe mais sombra ou luz. Torna-se muito mais difícil fazer isto quando as plantas estão no solo.

A Miami GROW abastece a Rock Garden, um distribuidor nacional de ervas frescas com um armazém nas proximidades. Além de vizinhos, são parceiros comprometidos com a “sustentabilidade, sensibilização da comunidade e agricultura urbana”, diz Squire.

A quinta focou-se primeiramente apenas na produção de ervas, como o popular manjericão e os menos conhecidos cerefólio e hortelã-chocolate. Mas recentemente, a GROW adquiriu 10 hectares de terras agrícolas fora da cidade, na rural Homestead. Mais espaço permite agora ao projecto arriscar em mais e diferentes culturas.

Além de fazer crescer alimentos, o projecto ajuda a crescer a comunidade. O programa GROW Your Lunch convida os alunos a fazerem parte de uma experiência educacional comestível. “Eles vêm cá para fazer uma expedição no terreno, ajudam-nos na colheira e fazemos aqui o almoço.”

Squire fornece alguns conceitos básicos de cozinha e, tendo os produtos recém-colhidos, a turma faz o almoço para 40 pessoas. “É uma refeição fresca, não processada e eles tiveram mão nela”, explica. “É uma experiência óptima, não só para as crianças, mas também para os adultos que vêm com elas.”

A turma leva ainda para casa uma receita culinária simples de praticar. A outra receita que levam para a vida é esta: “Compre local. Aprenda competências básicas de culinária. Coma bem”.





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