Como um melhor amigo e um filho: Estudo revela como os humanos veem as relações com os seus cães

Dizer que o cão é “o melhor amigo do Homem” é já um lugar-comum bem conhecido de todos. Mas até que ponto é que é realmente verdadeiro?
Investigadores da Universidade Eötvös Loránd, na Hungria, lançaram-se na missão de descobrir o que caracteriza as relações entre os cães e os seus tutores humanos e de que forma podem diferir das relações entre esses últimos e outros humanos.
Num artigo publicado esta semana na revista ‘Scientific Reports’, e com base em inquéritos a mais de 700 donos de cães, revelam que os humanos tendem a caracterizar as relações com os seus cães como uma mistura entre os aspetos positivos da relação com um filho e a falta de aspetos negativos da relação com um melhor amigo. Contudo, não deixam de referir que está presente uma noção de grande controlo sobre o cão.
Adicionalmente, e contrariamente ao que se possa muitas vezes pensar, o estudo mostra que quanto mais apoio o humano tiver nas suas relações com outros humanos, mais forte tende a ser a relação com o seu cão, “sugerindo que os cães complementam as relações humanas, em vez de compensarem as suas carências”, explicam os investigadores em comunicado.
Os inquéritos mostram que os donos de cães consideram que a sua relação com o companheiro canino é a mais satisfatória e que o cão é a sua melhor companhia. Ainda assim, os investigadores dizem que, ao contrário de outras relações com humanos (filhos, cônjuges, amigos), existe “um grande desequilíbrio de poder” em favor do humano face ao cão.
“Ao contrário do que acontece nas relações humanas, os donos de cães mantêm um controlo total sobre os seus cães, uma vez que são eles quem toma a maioria das decisões, o que contribui para a elevada satisfação que os donos referem,”, explica Eniko Kubinyi, um dos principais autores do artigo.
Por isso, para o investigador, essa assimetria de poder, para muitos donos, é um aspeto fundamental das relações com os seus cães, reduzindo conflitos e interações negativas.
Assim, os resultados deste trabalho mostram que “os cães ocupam um lugar único no nosso mundo social, oferecendo a proximidade emocional de um filho, a tranquilidade de um melhor amigo e a previsibilidade de uma relação moldada pelo controlo humano”, sintetiza Kubinyi, que saliente que é por tudo isso que “os nossos laços com eles são muitas vezes tão profundamente gratificantes”.