Conferência Sustentare: “Apenas o sector privado pode tornar os edifícios mais sustentáveis”



Há vários stakeholders responsáveis pela transformação dos actuais edifícios em projectos sustentáveis, mas apenas o sector privado tem o poder de liderar este processo, de acordo com o coordenador do programa Sustainable Buildings and Climate Initiative, das Nações Unidas (UNEP-SBCI), Curt Garrigan.

“O sector privado é o agente da mudança. Eles podem, realmente, ver as soluções finais, educar a cadeia de fornecimento, são o veículo da mudança [de mentalidades]. Eles podem mudar a face dos edifícios, torná-los mais sustentáveis. É impossível fazê-lo sem eles”, explicou Garrigan.

O coordenador das Nações Unidas deu até, como exemplo, o esforço da Wal-Mart em educar ecologicamente os seus fornecedores. A multinacional norte-americana utiliza, inclusive, a sustentabilidade dos produtos como factor de decisão na colocação de determinado artigo nos lineares dos supermercados. Em último caso, a Wal-Mart pode  até decidir não vender certo produto.

O responsável disse, por outro lado, que é necessário que todos os stakeholders fiquem a ganhar com a construção sustentável, e não apenas o Governo ou o consumidor final, caso contrário ela não será posta em prática.

“Temos que perceber que se os investidores não beneficiarem do seu investimento em eficiência energética, não apostarão nela. É preciso haver benefícios para os investidores e outros stakeholders”, revelou Garrigan ao final da manhã, durante a conferência “Desafios e Tendências da Construção Sustentável”, organizada pela Sustentare e da qual o Green Savers era media partner.

De acordo com o responsável das Nações Unidas, os Governos ainda não entenderam os benefícios sociais, ambientais e económicos de “enverdecer” o sector dos edifícios, por isso a próxima Cimeira da Terra Rio+20, que decorrerá em Junho de 2012 no Rio de Janeiro, será fulcral para mudar as mentalidades dos governantes e políticos. Até porque já foi garantido que o sector dos edifícios estará fortemente representado na conferência, que ditará inclusive as tendências para os próximos 50 anos deste mercado.

Em todo o mundo, o sector dividir-se-á entre a reabilitação, uma vez que 95% dos edifícios dos países desenvolvidos já se encontram construídos; e a construção nova, visto que 90% dos edifícios dos países em desenvolvimento estão em construção ou ainda não foram construídos.

Este último é, sem dúvida, o grande desafio do sector, que representa um terço das emissões de CO2 de todo o mundo, 40% da utilização global de energia, 30% de todos os recursos minerais do mundo e 20% de toda a água que é consumida no Planeta.





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