Conflitos no Iraque e Síria reduzem drasticamente níveis de poluição
A guerra, catástrofes humanitárias e crise económica na Síria (na imagem), Iraque, Palestina e Egipto está a originar uma redução drástica dos níveis de poluição nestes locais – entre 20 a 50% desde 2010, de acordo com investigadores citados pelo jornal Guardian.
As observações de satélite mostram que, antes de 2010, estes níveis estavam estáveis ou em crescimento desde meados dos anos 90, quando a monitorização da poluição desde o espaço começou nesta região.
Infelizmente, estes resultados têm como pano de fundo a fuga em massa de milhões de cidadãos, sobretudo na Síria. “A geopolítica e conflitos armados no Médio Oriente alteraram profundamente as emissões de poluentes do ar”, explicou no jornal Science Advances o professor Jos Lelieveld, diretor do Max Planck Institute for Chemistry, na Alemanha.
De 2005 a 2010, explica Jos Lelieveld, o Médio Oriente foi uma das regiões com maior crescimento de emissões de poluentes do ar, um facto relacionado com o crescimento económico de muitos dos países que o compõem. Desde então, porém, esta é a única região do globo em que a tendência de aumento da poluição foi interrompida – e de uma forma muito acentuada.
A descida das emissões de dióxido de nitrogénio na capital iraquiana, Bagdad, ocorre desde 2013 e estará ligada à quebra da queima de combustíveis fósseis e agricultura. Uma tendência idêntica, na verdade, à ocorrida em Egipto durante a chamada Primavera Árabe, em 2011. Noutras partes da região, como a Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, a descida da poluição deve-se a outra razão: a introdução do controlo de qualidade do ar.
Na Séria, as emissões de dióxido de nitrogénio em Damasco e Aleppo decresceram entre 40 a 50% em 2011, coincidindo com o início da Guerra Civil – que ainda decorre. Por outro lado, ocorreu um aumento entre 20 a 30% das emissões de dióxido de nitrogénio no Líbano, para onde terão viajado 1,5 milhões de refugiados sírios.
Curiosamente, a análise chegou também à Grécia, onde os níveis de dióxido de nitrogénio estão em quada há duas décadas. Na verdade, esta tendência acelerou nos últimos anos, com a crise económica – só em Atenas, a capital, estas emissões decresceram 40% desde 2008.
“Infelizmente, o Médio Oriente não é a única região do globo afectada pela recessão económica e guerra, ainda que estas mudanças geopolíticas sejam ali mais drásticas que em qualquer outro lado. É trágico que algumas tendências negativas de dióxido de nitrogénio estejam associadas a catástrofes humanitárias”, concluiu o professor alemão.
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