Conheça a história do desempregado de 38 anos que começou a escrever… e venceu o Prémio LeYa



O primeiro dia do resto da vida de João Ricardo Pedro, um engenheiro electrotécnico de 38 anos, começou quando ficou desempregado, em 2009. Um dia depois desse fatídico dia, o lisboeta começou a escrever o romance que ontem lhe rendeu o Prémio LeYa – e 100 mil euros.

O autor, que convenceu nomes como Manuel Alegre, Pepetela ou Nuno Júdice, que fizeram parte do júri, é casado, pais de dois filhos e mora em Lisboa. E não tem obra publicada.

“É uma alegria e um orgulho”, explicou João Ricardo Pedro, autor de “O teu rosto será o último”. “É um importante reconhecimento de um trabalho exaustivo. Escrevi este livro há dois anos, quando fiquei desempregado”, explicou à Agência Lusa, garantido que este é um grande incentivo para continuar a escrever. Até porque, como confessou na entrevista, já tem novas ideias.

O dinheiro, esse já tem destino. “[É para arranjar] as janelas lá de casa, que deixam entrar a chuva”.

“Não sei se Portugal ganhou mais um escritor, sei apenas que hoje começo a escrever o meu segundo livro”, disse ainda o autor, ele que até 2009 nunca tinha escrito uma linha. “Quando comecei a escrever, fi-lo sem ideias preconcebidas, mas sempre tive a sensação, desde miúdo, de que conseguiria escrever”, diz.

Veja a reportagem da RTP.

O romance relata a história de uma criança nascida em Portugal no período da Revolução do 25 de Abril e segue o seu percurso até aos 17 anos, acompanhada pela família.

Segundo o júri, “ teu rosto será o último” é uma teia delicada de histórias autónomas, que se traçam em fios secretos. É também um romance “apoiado em imagens fortes, que constrói um perturbador painel do presente português”.

O Prémio LeYa, considerado o de maior valor pecuniário em Portugal, foi criado em 2008 e visa distinguir um romance inédito escrito em português. Este ano, candidataram-se 162 romances originais, a maior parte de Portugal e do Brasil, mas também de Inglaterra, França e Itália.

Nos últimos dois anos – o tempo em que esteve a trabalhar neste seu livro – João Ricardo Pedro diz que sobreviveu das explicações de matemática e com a ajuda da mulher, que “o obrigava a escrever uma página por dia”. “Mesmo que depois a deitasse para o lixo…”.

Quem sabe se o exemplo de João Ricardo Pedro não inspira outros criativos a seguirem o seu destino?





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