Conservar a biodiversidade “é um dever cívico”: Politécnico de Setúbal cria exposição fotográfica para sensibilizar para a proteção dos ecossistemas
Para proteger é preciso conhecer. Este pode ser entendido como o mote que subjaz a todos os projetos de educação ambiental e ações de sensibilização que procuram explicar à população que proteger as imensas formas de vida que connosco habitam as nossas aldeias, cidades, países e o planeta é proteger o equilíbrio da Terra e as próprias sociedades humanas.
Foi nesse sentido que o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) criou uma exposição fotográfica que tem como objetivo dar a conhecer ao público, não só ao académico, mas também a toda a sociedade, a grande diversidade de espécies de seres vivos que fazem dos campi da instituição os seus habitats.
No total, foram identificadas mais de 850 espécies de animais e plantas nos vários campi do IPS, sendo que desse conjunto, foram selecionadas 32 fotografias que fazem parte desta exposição itinerante que estará patente na Biblioteca Municipal Bento de Jesus Caraça, na Moita, até dia 23 de janeiro. Depois, seguirá para o Agrupamento de Escolas de Azeitão, onde ficará até 27 de janeiro, sendo que em fevereiro partirá para Setúbal, em local ainda a definir.
Entre as espécies escolhidas, estão o sobreiro, que marca a paisagem do campus setubalense e o chapim-azul, um dos residentes mais emblemáticos desse local que reside nas caixas-ninho que foram aí instaladas para fornecer um abrigo a essas pequenas aves.
A borboleta-cauda-de-andorinha, com um padrão único que faz lembrar dois olhos vermelhos que pretendem dissuadir ataques dos predadores, e a erva-abelha, uma orquídea mestre da mímica cujas flores se assemelham a abelhas para atrair polinizadores e assegurar o sucesso da sua reprodução, são outras das espécies que fazem parte da exposição.
As fotografias foram captadas por José Sousa e Diogo Oliveira, ambos docentes do IPS, e a escolha das imagens em exibição pretende dar a conhecer a maior variedade de espécies possível.
“Temos fotografias de árvores, arbustos, herbáceas, fungos, insetos de diversas ordens, répteis, mamíferos e aves”, explicou a instituição à ‘Green Savers’. “A escolha das espécies propriamente ditas incide sobre espécies representativas do habitat do IPS mas, também, espécies peculiares como, por exemplo, o saltão (cyrtaspis tuberculata) que representa um registo singular por se tratar de uma espécie que até então se julgava apenas presente no barlavento algarvio (entretanto já foram adicionados registos desta espécie na costa alentejana e em Cascais)”, detalhou.
“Fica, então, devidamente expressa a ‘diversidade’ da palavra ‘biodiversidade’”, salientou a mesma fonte, destacando que foi dada prioridade a imagens com formatos grandes (40×50 e 50×70) “para que as imagens criem mais impacto”.
Assumindo que a proteção da biodiversidade é um dos principais objetivos que orienta a sua atuação, em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, especialmente o OSD 15, que define a proteção da vida nos habitats terrestres, o ISP conta-nos que já realizou várias ações relativamente à biodiversidade e que “existem planos para realizar mais”.
Das iniciativas já concretizadas, conta-se a instalação, nos dois campi em Setúbal e no Barreiro, de caixas-ninho para as aves, de abrigos para os morcegos e de hotéis para insetos. Além disso, foi também feito “o levantamento fotográfico das espécies, que se vem realizando com regularidade há cerca de 2 anos, a implementação de uma estação de biodiversidade no campus de Setúbal (percurso interpretativo) e de dois BioSpots no campus do Barreiro em parceria com a associação Tagis”, bem como “a plantação de árvores e arbustos em parceria com a Secil e o ICNF e com a colaboração da Junta de Freguesia do Sado”. E estas são apenas algumas das ações do IPS para conservar, promover e dar a conhecer a diversidade de formas de vida que habitam nas suas instalações.
Muitos leitores poderão pensar que a proteção da biodiversidade é uma tarefa que está exclusivamente nas mãos das instituições governamentais ou que esses esforços só podem ser realizados por especialistas associados a centros de investigação. Essa conceção podia estar mais longe da realidade, pois todos nós temos um papel fundamental na preservação da natureza e na sua proteção contra ações que a degradam ou destroem.
“A participação dos cidadãos na conservação da biodiversidade é um fator chave”, frisa o IPS, que nos afiança que tal “não é uma responsabilidade de uma entidade qualquer, mas sim um dever cívico e, como tal, responsabilidade de todos nós”.
E o papel dos cidadãos não se limita à proteção da biodiversidade que nos rodeia, podendo incidir sobre “o restauro de zonas verdes com vegetação autóctone”, algo que “está na base do incremento sustentável da biodiversidade”.
Além disso, a chamada ‘ciência cidadã’ é um elemento de importância inquestionável nos esforços para proteger a natureza.
“O registo de observações em plataformas de ciência cidadã como, por exemplo, o Biodiversity4All ou o eBird, também são contributos importantes para o conhecimento científico das espécies e dos seus ciclos de vida”, explica a fonte do IPS, pois “o conhecimento é um aspeto essencial para que o processo de conservação corra da melhor forma”, mostrando a todas as pessoas, os principais agentes da proteção da biodiversidade, que conservar os ecossistemas é proteger a nossa qualidade de vida.