Consumidores revelam como poupar e evitar trânsito com a bicicleta elétrica
A bicicleta elétrica ganha cada vez mais adeptos. Em 2018, venderam-se em Portugal 400 mil bicicletas, sendo 50 mil unidades elétricas. Destas, 23 mil foram para exportação. Mais do que uma moda, a bicicleta elétrica é um meio de transporte limpo e económico.
É uma das maiores tendências tecnológicas na Europa. Holanda, Alemanha, França, Itália e Reino Unido: as vendas impressionam com números históricos. Portugal é o segundo país da Europa que mais bicicletas exporta. É apontado como um destino ideal para a instalação de novas empresas no setor, segundo a ABIMOTA – Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas.
Alexandre Azevedo tem a paixão das duas rodas: costuma andar de mota e até usava a bicicleta convencional para ir pôr as filhas à escola. Mas, há um ano, decidiu comprar uma bicicleta elétrica de carga, uma Riese&Muller, que custou 5 mil euros. “Na altura, pesou no orçamento, mas compensa muito”, garante o fotojornalista, de 44 anos, que vive no Olival Basto, em Odivelas, com a mulher e duas filhas, de 5 e 9 anos.
O casal precisava de uma alternativa que facilitasse as deslocações e que se encaixasse na rotina. Pensaram em comprar um segundo carro, mas optaram pela saída mais ecológica. “Consigo transportar as miúdas em segurança, faço as compras do mês (já transportei 50 kg em compras), vou buscar móveis, levo o lixo pesado…”, descreve Alexandre, satisfeito com o desempenho da bicicleta. “A autonomia varia entre 40 e 90 km, consoante o grau de assistência; pesa 30 kg e pode transportar até 100 kg de carga, mas é muito maleável. A suspensão adapta-se totalmente. Ando em gravilha, asfalto, calçada”, garante. Além da poupança (gastava 100 euros em gasolina, por mês), Alexandre encontrou uma boa alternativa ao ginásio. “Ao contrário do que se pensa, fazemos esforço na mesma, apesar da assistência. Só que agora não chego suado ao trabalho.” Em média, o fotojornalista percorre 20 quilómetros por dia.
Vai levar e buscar a filha mais nova à escola, em Odivelas, e depois segue para o trabalho, em Benfica. O percurso é feito em estrada e em alguns troços de ciclovia, mas a cidade não é tão ciclável como Alexandre gostaria: “Há muitas ciclovias interrompidas por passadeiras. Outras vezes, é preciso saltar da estrada para o passeio, em pedra de calçada inclinada.”
Por outro lado, ainda falta uma cultura de tolerância: “Na Calçada de Carriche, os carros e autocarros fazem-me muitas rasantes, a 50 km por hora (eu vou a 15). Todos, ciclistas, condutores, trotinetes e peões, temos de ser mais pacientes.” É esse “legado de consciência” que Alexandre quer transmitir às filhas. “Uma das viagens mais giras que fiz foi atravessar a cidade toda para vermos as luzes de Natal, na Baixa. As duas, no compartimento, tiveram uma perspetiva excelente”, recorda. “A grande vantagem é que, agora, estou muito mais próximo delas”, conclui.
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De bicicleta de Lisboa até Belmonte
João Fernandes rendeu-se à assistência elétrica. Mas, em vez de comprar uma bicicleta nova, optou por converter a convencional, da Giant, que já tinha. A operação custou 650 euros.
Aos 51 anos, casado e pai de quatro filhos, João precisava de reduzir custos e queria resolver a falta de tempo para praticar exercício físico. E, como gostava de andar de bicicleta, trocou o carro (só conduz quando chove) pelas duas rodas. E pedala diariamente: de casa, na Póvoa de Santo Adrião, até ao trabalho, no Areeiro, em Lisboa, demora 40 minutos.
No percurso de ida e volta, faz uma média de 20 a 25 quilómetros, cruzando as ciclovias da Avenida do Brasil e dos Olivais, na capital. Mas a bicicleta está preparada para andar “em todo o tipo de piso, sendo apenas necessário mudar os pneus para o terreno pretendido (estrada, gravilha, terra)”, garante o funcionário público. Diz-se “mais feliz e bem-disposto” e satisfeito com a bicicleta, com cinco níveis de assistência e uma autonomia de 80 quilómetros.
Num ano, João percorreu 4 mil quilómetros – costuma dar passeios aos fins de semana, com um grupo de cicloturismo, e já pedalou 300 quilómetros até Belmonte, só para ver a mãe. Se compensa? “Seguramente”, responde o lisboeta. “Se comparar com os custos de um carro (quilómetros, gasolina, desgaste e afins), em breve, o valor do investimento será recuperado, além do que ganho em saúde e ausência de stresse por causa do trânsito”, justifica.
Fonte: DECO