COP15: Por toda a Europa, ativistas pedem “novo acordo ambicioso” para proteger a Natureza
Amanhã arranca a 15.ª conferência global da biodiversidade, a COP15, que juntará em Montreal, no Canadá, centenas de delegações de países, organizações não-governamentais e empresas para discutir o futuro da Natureza. Espera-se que do encontro resulte a aprovação de uma estratégia que proteja os ecossistemas, habitats e diversidade biológica, a chamada Estrutura Global pós-2020 para a Biodiversidade.
Na véspera de um encontro que muitos consideram que poderá marcar uma nova era da relação entre o ser humano e o mundo natural, caracterizada por uma maior harmonia e equilíbrio, ativistas por toda a Europa estão a sair às ruas em vários países para chamarem a atenção da comunidade internacional para a urgência de proteger e restaurar a Natureza.
Na Alemanha, mais especificamente na cidade de Bonn, os ambientalistas associados à organização não-governamental Greenpeace instalaram no campus das Nações Unidas 25 esculturas luminosas que representam vários animais, como tartarugas, orangotangos, rinocerontes, girafas, zebras e avestruzes. No meio dessa ‘fauna’, foi colocado um sinal vermelho com a palavra ‘SOS’, para lembrar que o mundo natural está em perigo e que os líderes mundiais reunidos na COP15 têm de passar das palavras às ações para proteger a Natureza e implementar medidas para a sua recuperação.
Na Bélgica, uma orquestra de música clássica com o nome Young Belgium Strings atuou no Friche Josaphat, uma área de 25 hectares considerada um ‘hotspot’ de biodiversidade que está a ser ameaçado por planos para a construção de edifícios residenciais e de escritórios. O objetivo era alertar para importância da natureza nas cidades e para os riscos que a sua destruição acarreta para esses meios urbanos.
Na Dinamarca, uma ativista vestiu-se de sereia e pousou em cima de uma rocha. Mas desengane-se quem pensar que se tratava de alguma homenagem ao clássico da Disney ‘A Pequena Sereia’, pois essa ‘Ariel’ tinha a cara coberta por uma máscara de oxigênio, para denunciar a poluição por nitrogénio proveniente de explorações agropecuárias que está a dizimar a vida marinha na costa oceânica dinamarquesa.
E até na Ucrânia, mergulhada há meses numa guerra sangrenta que devastou o país, a sua população e a sua paisagem, um grupo de ativistas colocou em Kiev, em frente à ópera da capital, um sinal luminoso no qual declara que “Os Cárpatos importam – mesmo em tempo de guerra”, como forma de recordar a importância de proteger a biodiversidade que faz desses habitats montanhosos a sua casa.
Yehor Hrynyk, a secção ucraniana do Nature Conservation Group, afirma, em comunicado, que “enquanto o meu país é forçado a retroceder para tempos medievais sombrios e frios devido à violência brutal da invasão russa, isso não significa que a natureza esteja esquecida”.
E alerta que “as preciosas florestas dos Cárpatos estão a ser destruídas, mais rapidamente do que nunca”.
Com ações em 10 países na Europa, a mensagem dos ativistas é só uma: na COP15 os países têm de deixar de lado divergências e interesses egoístas e unir-se para combater uma das maiores crises planetárias atuais, a massiva perda de biodiversidade.
An Lambrechts, chefe da delegação da Greenpeace International que estará presente na conferência em Montreal, recorda que “regiões de alto consumo, como a [União Europeia] têm uma responsabilidade especial na criação de um novo acordo ambicioso”.
“Apesar de a UE frequentemente tomar posições globais ambiciosas, precisa também de fornecer financiamento para tornar realidade os acordos globais e para fortalecer os seus esforços para travar a destruição da natureza no seu próprio território”, declara Lambrechts.
Por isso, a Greenpeace exige que todos os líderes europeus “apoiem um acordo global que inclua metas estritas e vinculativas para proteger, pelo menos, 30% dos ecossistemas terrestres e oceânicos até 2030, o mais tardar”, ao mesmo tempo que deverá reconhecer “os direitos dos povos indígenas e das comunidades locais” e desviar subsídios a “indústrias destrutivas” para financiar medidas de conservação.