COP27: “As alterações climáticas estão a matar-nos” e “precisamos de mais ação”, apela líder da OMS Europa
As estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) sugerem que, pelo menos, 15 mil pessoas tenham morrido na Europa este ano, “especificamente devido ao calor”, entre elas, quase 4 mil em Espanha, mais de mil em Portugal, mais de 3.200 em França e perto de 4.500 na Alemanha reportadas só nos três meses de verão.
Hans Kluge, diretor regional da OMS Europa, no contexto da cimeira mundial do clima (COP27) que decorre no Egipto, salienta que as alterações climáticas e as crises por elas despoletadas “há muito que são claras emergência de saúde” e que, apesar dos avisos, as ações têm sido “perigosamente inconsistentes e demasiado lentas”.
“As alterações climáticas estão a matar-nos”, sentencia Kluge, indicando que “precisamos de mais ação” por parte dos decisores políticos mundiais para fazer frente aos impactos das alterações climáticas sobre a saúde das populações humanas, ecoando a chamada ‘Uma Saúde’, em que a saúde humana e a saúde do planeta são duas faces de uma mesma moeda e não podem ser dissociadas.
O responsável recorda que a Europa acaba de atravessar o verão mais quente de sempre, com “fogos florestais devastadores” que causaram os níveis mais altos de emissões de dióxido de carbono desde 2007, “poluíram o nosso ar, mataram muitas pessoas, deslocaram muitas mais e destruíram grandes extensões de terra” que demorarão vários anos a recuperar.
Entre 1961 e 2021, a temperatura na Europa aumentou, em média, 0,5 graus Celsius por cada década, o que faz dela “a região que mais rapidamente está a aquecer”, e os eventos climáticos extremos que temos experienciado com o aumento atual de 1,1 graus da temperatura global “é apenas um vislumbre do que poderemos esperar se a temperatura subir 2 graus face aos níveis pré-industriais”, avisa Kluge.
“Ao longo das próximas décadas, o aumento da exposição e da vulnerabilidade a ondas de calor e a outros eventos climáticos extremos causarão mais doenças e mortes, a não ser que os países implementem medidas de adaptação e mitigação verdadeiramente drásticas para combater as alterações climáticas”, sublinha o responsável.
Com os olhos postos da COP27, frisa que “os governos devem demostrar uma vontade política muito mais forte e ser mais rápidos na implementação do legalmente vinculativo Acordo de Paris sobre as alterações climáticas”. Só assim, na ótica de Kluge, será possível “alcançar um futuro mais sustentável, com menos emissões de carbono e mais saudável”.