COP29: Governos, setor e especialistas destacam importância da agricultura na alimentação



Representantes de governos, do setor agrícola e especialistas destacaram quinta-feira, durante a cimeira ambiental COP29, a importância da agricultura para alimentar a população mundial, manter a paz social e contribuir para o combate à crise climática.

O diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, afirmou, durante um fórum no pavilhão da Casa da Agricultura das Américas, instalado em Baku, no Azerbaijão, no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), que uma grande cidade com uma média de 10 milhões de habitantes necessita diariamente de 6.000 toneladas de alimentos.

Daí o caráter estratégico que a agricultura sustentável, produtiva, eficiente e inclusiva representa para a preservação da paz social, sublinhou.

“Temos de produzir mais alimentos com menos natureza, reconhecendo os novos desafios que a agricultura enfrenta, e [tendo consciência de que], para os ultrapassar, é fundamental aproveitar a ciência, a tecnologia e a inovação, e facilitar o seu acesso aos agricultores familiares”, referiu Otero.

Segundo o diretor-geral do IICA, os próximos 25 anos serão dos mais decisivos da história da agricultura porque o setor terá de alimentar mais 2.000 milhões de pessoas.

Por sua vez, o ministro da Agricultura e Segurança Alimentar do Belize, José Abelardo Mai, defendeu “a importância de educar agora os jovens sobre o futuro e formular políticas fortes para apoiar uma agricultura inteligente e sustentável” do ponto de vista climático.

O cientista especialista em solos e vencedor do Prémio Mundial da Alimentação, Rattan Lal, enumerou como maiores desafios globais a degradação do solo e a necessidade de o restaurar, assim como o “respeito pela profissão agrícola e pelos seus serviços nos ecossistemas”.

Outro aspeto analisado na Casa da Agricultura das Américas foi o dos biocombustíveis renováveis e o seu contributo para a mitigação das alterações climáticas.

O presidente da organização Solutions from the Land, Ernie Shea, salientou que, além da redução dos gases com efeito de estufa, um dos focos recentes dos benefícios dos biocombustíveis renováveis é a saúde pública.

“Os combustíveis renováveis também contribuem decisivamente para a redução da poluição e as oportunidades para a produção agrícola são múltiplas”, disse Shea.

Durante as discussões, foi proposto que a utilização do etanol fosse considerada pelos países como parte dos seus compromissos de redução das emissões de gases com efeito de estufa, no âmbito do Acordo de Paris.

A COP29 começou na segunda-feira em Baku e vai decorrer até dia 22, devendo ficar marcada por um novo objetivo de financiamento para os países em desenvolvimento para os ajudar a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e a adaptarem-se às alterações climáticas.

O novo objetivo substituirá, a partir de 2025, o que obrigava os países ricos a conceder 100 mil milhões de dólares (cerca de 950 milhões de euros) de financiamento por ano aos países em desenvolvimento.

Os países em desenvolvimento pedem que o objetivo seja multiplicado por mais de dez, para 1.300 mil milhões (1,2 mil milhões de euros), valor essencialmente da responsabilidade dos países ricos.





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