Costa afirma que lançou na Islândia anzol ao mar para projetos de energia e oceanos
O primeiro-ministro afirmou hoje que a sua visita à Islândia serviu para “lançar o anzol ao mar” para o desenvolvimento de projetos de cooperação económica bilateral nos setores das energias renováveis e economia azul.
António Costa falava aos jornalistas no último ponto do seu programa de visita oficial à Islândia – um encontro em Reiquiavique com representantes da comunidade portuguesa neste país, que está a registar um assinalável crescimento e que já tem mais de mil registados pela Embaixada de Portugal em Oslo.
“Esta foi uma visita muito curta, mas em que deitámos um anzol ao mar. Agora, importa dar sequência a este trabalho”, declarou o líder do executivo, após ter visitado ao longo da tarde empresas islandesas consideradas inovadoras nos domínios da energia geotérmica e na captura de carbono em minérios para fins industriais, e um cluster de startups dedicadas aos oceanos.
Em termos institucionais, o momento mais relevante aconteceu em Selfoss, a cerca de 40 quilómetros de Reiquiavique, onde António Costa presidiu à assinatura de um protocolo de cooperação entre a portuguesa ADENE (Agência Portuguesa de Energia) e a Autoridade Nacional de Energia da Islândia.
O presidente da ADENE, Nelson Lage, defendeu que o acordo vai possibilitar ”aprofundar as relações com a Islândia, país líder no uso de energia geotérmica” e “permitir a partilha de conhecimento e novos conceitos, soluções e modelos de negócios de energia, incluindo comunidades de energia renovável e sistemas de armazenamento de energia.”
Perante os jornalistas, o primeiro-ministro referiu depois que a sua participação na cimeira do Conselho da Europa, na terça e na quarta-feira, em Reiquiavique, lhe permitiu fazer esta visita oficial à Islândia.
“Sobretudo nas áreas da energia e da economia azul, Portugal e a Islândia têm elevada proximidade e podemos fazer coisas em conjunto. Há uma oportunidade para as empresas portuguesas, porque a Islândia está muito interessada na energia eólica. Temos uma capacidade constituída para poder investir e construir nessa área”, sustentou.
Já no que respeita à área da economia azul, segundo António Costa, “Portugal e Islândia têm estado muito ativos nas Nações Unidas e é uma área com um elevadíssimo potencial”.
“Agora importa que isso se concretize através das empresas”, advertiu.
Na sua visita a um cluster dedicado aos oceanos, situado no porto de Reiquiavique, que já tem 65 startups registadas, António Costa inteirou-se de projetos em curso para o aproveitamento total do pescado para efeitos de alimentação. Um desses projetos aproveita as caras de bacalhau (que na Islândia eram sempre atiradas para o lixo) para fazer sopas.
“Em Portugal, nós comemos caras de bacalhau”, reagiu imediatamente, alto e bom som, um dos elementos da comitiva do Governo português.
Durante a sua presença neste espaço, alguns empreendedores islandeses disseram que estão à procura de abrir espaços em Portugal para expandir a sua atividade, designadamente em Lisboa, e António Costa informou-os sobre os projetos em curso em Matosinhos no domínio da economia azul.
Ao fim do dia, o primeiro-ministro encontrou-se num bar da cidade com representantes da comunidade portuguesa na Islândia, a quem falou sobre a intenção de se avançar para a criação de um consulado virtual, que irá “desburocratizar” a relação dos emigrantes com Portugal.
“É uma comunidade que já tem mais de mil pessoas e que está presente em áreas muito diversas. Acaba por ser um canal de investimento, porque a partir dos elementos da nossa comunidade também se dá a conhecer o nosso país na Islândia”, referiu António Costa em declarações aos jornalistas.