Cozinhar mata quatro milhões de pessoas por ano
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que a poluição atmosférica mata cerca de sete milhões de pessoas por ano, um valor que é bastante mais elevado que as estimativas anteriores.
Os dados podem não ser surpreendentes para quem já viu imagens de cidades envoltas em smog, sendo o caso mais conhecido Pequim. Contudo, ao contrário do que se pensa, a poluição proveniente da actividade industrial e da circulação de veículos não é o principal culpado destes milhões de mortes. Anualmente, segundo a OMS, cerca de 4,3 milhões de mortes prematuras devem-se ao ar respirado dentro de casa – que também está poluído.
Mas o que é que está a tornar o ar do interior das habitações tão poluído que mata cerca de 11 mil pessoas por dia? A resposta são as fogueiras, refere o Quartz.“Ter uma fogueira na cozinha é como fumar 400 cigarros numa hora”, indica Kirk Smith, professor na University of California Berkleley, cujas investigações indicam que a poluição resultante da confecção e alimentos matou entre 3,5 a 4 milhões de pessoas prematuramente em 2010.
Contudo, nem todas as fogueiras causam esta devastação. As fogueiras que o investigador refere são as utilizadas por cerca de três mil milhões de pessoas nos países subdesenvolvidos para confeccionar e aquecer os seus alimentos, já que não possuem fogões, nem gás ou electricidade que lhes proporcione formas alternativas de confecção.
Para alimentar estas fogueiras, é utilizada madeira, carvão e outros combustíveis. O fumo proveniente destas combustões enche a casa de pequenas partículas prejudiciais e de monóxido de carbono. Adicionalmente, muitos destes locais onde são confeccionados os alimentos não possuem boa ventilação – o que impede o fumo de sair – e promovem a concentração de partículas nefastas para a saúde.
Respirar este ar poluídos dia sim, dia não acaba por causar várias doenças: mais de um terço dos 4,3 milhões que morreram prematuramente foram vítimas de acidentes vasculares cerebrais, enquanto um quarto morreu de doença isquémica do coração.
A exposição tende, assim, a ser muito mais nociva para as pessoas que passam mais tempo à volta destas fogueiras – nomeadamente mulheres e crianças.
Foto: TREEAID / Creative Commons