Crise tornou mercado europeu de emissões de carbono obsoleto
O mercado europeu de emissões de carbono, um dos mais importantes elementos da política climática, está desactualizado. A crise económico-financeira e o decréscimo da produção industrial, bem como o uso de créditos de compensação, conduziu a um excedente de licenças de emissão.
“No final da década prevê-se que o excesso de emissões no mercado atinja os 2 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono”, explica a Quercus em comunicado. “[O mercado] não está a ter os resultados esperados”.
Com uma oferta muito maior que a procura, o preço actual e expectável do carbono é muito baixo. As instalações incluídas no comércio europeu de licenças de emissão (CELE), entre as quais estão centrais térmicas para produção de electricidade, refinarias, cimenteiras, fábricas de pasta de papel entre outras, pagam “muito pouco” pelas suas emissões de CO2, de acordo com a Quercus, e não têm incentivo para mudar para combustíveis menos poluentes ou apostar na inovação e em tecnologias mais limpas.
“Em Portugal, um uso ainda considerável do carvão em detrimento do gás natural na produção térmica de electricidade é também uma consequência do baixo preço do carbono”, avança a ONG.
A Quercus sugere uma correcção do comércio europeu de licenças de emissão, o que levará, numa primeira fase, à sua retirada do sistema. Em causa poderá estar o atraso do leilão de 900 milhões de toneladas de licenças de emissão, o back-loading.
“Este adiamento, mas não cancelamento, de oferta de emissões entre 2013 e 2015, reentrando depois o mercado entre 2019 e 2020, é para a Quercus um passo importante no sentido de uma reforma do mercado de emissões e da política climática, que deverá equacionar o cancelamento permanente das emissões e uma trajectória de redução de emissões mais ambiciosa”, conclui a associação ambiental.