Crises hídricas: caminhamos para um futuro sem água?



Mais de 840 milhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso a água potável, e 2,3 mil milhões, ou 1 em cada 3, não têm acesso saneamento básico. Num esforço global para evitar grandes crises hídricas e para melhorar o acesso a água potável e saneamento a nível mundial, o Conselho Mundial da Água organiza a 8ª edição do Fórum Mundial da Água, que começou ontem e dura até 23 de Março, coincidindo com o Dia Mundial da Água.

Mais de 10 Chefes de Estado, vários empresários com empresas na Fortune 500, estarão na capital brasileira durante os próximos dias para debater o futuro de um dos mais importantes recursos naturais. Poderá o mundo mergulhar numa crise hídrica dentro em breve? Que desafios mundiais ligados à segurança hídrica nos esperam?

Criado em Marrocos corria o ano de 1997, o Fórum Mundial da Água tem sido fundamental no despertar de consciências para a importância de uma adequada preservação deste recurso, com um dos exemplos mais prementes a acontecer em 2010, com a promoção do reconhecimento do Acesso à Água como um Direito Humano.

Pela primeira vez, o hemisfério sul recebe Fórum Mundial da Água abrindo as portas da América do Sul para dialogar e trocar experiências e boas práticas relacionadas ao uso da água. A edição brasileira deste certame irá oferecer, gratuitamente, exposições, palestras, filmes, oficinas de artesanato, entretenimento, talk shows, iniciativas com um tema central: água.

O Fórum Mundial da Água é, também, uma oportunidade crucial para que as autoridades globais partilhem conhecimento e encontrem estratégias para várias questões, como o combate à variabilidade climática e à escassez de água. Isto porque as notícias que dão conta de crises hídricas, com a situação na Cidade do Cabo em destaque, crescem de dia para dia.

Infelizmente a Cidade do Cabo não é caso único. O próprio Brasil enfrenta uma crescente pressão hídrica: o principal abastecimento de água de São Paulo, o reservatório de Cantareira, foi recentemente reduzido para 5% de capacidade, comparável a apenas um mês de abastecimento. A ironia desta realidade está no facto de que o Brasil possui a maior fonte mundial de água doce, com 12% da oferta do planeta.

“A água é, essencialmente, uma questão política e deve ser tratada nos mais altos níveis de tomada de decisão. Temos uma enorme quantidade de conhecimento científico e temos uma grande quantidade de soluções para escolher, mas os legisladores devem ser fazer disso uma prioridade para que essas propostas possam ser colocadas em prática”, explica o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga.

“Soluções baseadas na natureza” para os desafios hídricos actuais, frequentemente exacerbados pelas alterações climáticas, desastres naturais e crescimento populacional desordenado marcam o dia Mundial da Água em 2018.

“O Fórum Mundial da Água ajudará a mostrar aos líderes como uma combinação da infraestrutura já existente, realidades geográficas, recursos naturais e financiamento adequado pode levar a uma melhor gestão de água. Por cada dólar investido em água e saneamento, o retorno económico em termos de custos de saúde evitados e produtividade é de quatro dólares”, defendem em comunicado. O Fórum Mundial da Água acontece até 23 de Março em Brasília.

Foto: via Creative Commons 





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