Crocodilos mostram os impactos do aquecimento global



Os crocodilos do norte da Austrália estão a aquecer à medida que o clima aumenta, com temperaturas corporais que alteram o seu comportamento.

Uma investigação conduzida pela Escola do Ambiente da Universidade de Queensland analisou 15 anos de informação de sensores e localizadores de 203 crocodilos selvagens nos rios Wenlock e Ducie, na Península do Cabo York.

A candidata a doutoramento Kaitlin Barham disse que os dados revelaram que os crocodilos estavam a passar mais tempo no seu limite térmico crítico de 32-33°C ou perto dele, quando o desempenho comportamental diminui.

“Como os crocodilos ectotérmicos não conseguem regular a sua própria temperatura como as aves e os mamíferos, à medida que o seu ambiente se torna mais quente, os animais do nosso estudo também estão a ficar mais sensíveis e precisam de passar mais tempo a arrefecer”, diz Barham.

“Mas se o seu tempo e energia forem dominados pela necessidade de se manterem frescos, a atividade necessária para caçar, manter-se a salvo de predadores ou reproduzir-se é reduzida”, acrescenta.

Desde 2008, os picos de temperatura registados pelos crocodilos do estudo aumentaram 0,5°C, e a temperatura média do seu corpo aumentou 0,11°C.

O Programa Climático do Norte da Austrália refere que as temperaturas médias da região estão a aumentar 0,05 – 0,2°C por década.

Quarenta e cinco dos crocodilos do estudo registaram temperaturas corporais superiores a 34°C pelo menos uma vez.

O Professor Craig Franklin, coautor do estudo, afirma que foram registadas temperaturas corporais elevadas mesmo quando os crocodilos tentavam ativamente manter-se frescos.

“Quando estão acima de 32-33°C, o desempenho de mergulho e natação de um crocodilo é afetado”, diz o Professor Franklin.

“Os crocodilos mais quentes não mergulham durante tanto tempo, o que é preocupante, porque, como caçadores de emboscada, precisam de esperar debaixo de água, sustendo a respiração, que um canguru ou um porco selvagem passe”, sublinha.

“O próximo passo da nossa investigação será analisar o impacto que as mudanças de comportamento relacionadas com temperaturas corporais mais elevadas podem estar a ter na saúde geral da população de crocodilos”, conclui.

A investigação foi publicada na revista Current Biology.





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