“Danos climáticos significativos”: Fugas nos gasodutos Nord Stream podem agravar crise climática



No passado dia 26 de setembro, foram detetadas fugas no gasoduto submarino que transporta gás natural da Rússia até à Alemanha. Durante a noite, era possível observar uma área com cerca de um quilómetro de diâmetro no Mar Báltico que borbulhava devido ao gás que escapava das condutas.

Apesar dos efeitos geopolíticos que esse incidente teve – com os países ocidentais a sugerirem que a Rússia foi responsável pela sabotagem dos gasodutos, e com Moscovo a acusar os Estados Unidos e seus aliados do mesmo –, é importante perceber que as fugas terão impactos profundamente negativos sobre o ambiente.

De acordo com estimativas avançadas pela agência ambiental alemã, o metano que escapou para a atmosfera dos gasodutos danificados equivale a emissões de cerca de 7,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono, ou seja, perto de 1% do total de emissões da Alemanha.

A mesma entidade alerta que “não há mecanismos de contenção” nos tubos, pelo que “todo o conteúdo provavelmente escapará”.

No total, prevê-se que sejam libertadas 0,3 milhões de toneladas de metano para a atmosfera, sendo que “ao longo de um período de 100 anos, uma tonelada de metano aquece tanto quanto 25 toneladas de CO2”, explicam os especialistas alemães. Assim, “as fugas os Nord Stream 1 e 2 causarão danos climáticos significativos”.

Informações avançadas pela revista ‘Nature’ indicam que as fugas nos gasodutos equivalerão às emissões de cerca de dois milhões de carros durante um ano.

Por sua vez, o Sistema Integrado de Observação de Carbono (ICOS) aponta que “uma quantidade enorme de gás metano foi libertado para a atmosfera”, e, embora não adiante valores concretos, salienta que se estima que as fugas sejam equiparáveis às emissões de metano anuais “de uma cidade do tamanho de Paris ou de um país como a Dinamarca”.

Zeke Hausfather, cientista climático da organização Berkeley Earth, argumenta que “algum do metano poderá ser absorvido pelos oceanos (e pelos organismos neles contidos) e não chegar à atmosfera, mas o volume massivo de metano libertado numa pequena área sugere que uma maioria substancial deverá escapar”.





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